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Internacional

A jogada de Xi Jinping

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A China escolheu retaliar os Estados Unidos na mesma medida, fazendo com que as altas tarifas derretessem as bolsas de valores mundo afora e trouxessem a certeza de que a guerra comercial será longa

A escolha de Donald Trump foi extremamente ousada. Muitos economistas dos dois lados do Atlântico chamam o tarifaço do republicano do pior erro econômico feito pelos Estados Unidos em décadas. O futuro a longo prazo não sabemos, mas podemos calculá-lo com base nos desastrosos dados divulgados nos últimos dias. As bolsas americanas caíram mais de 5% inicialmente. Empresas norte-americanas das mais valiosas perderam bilhões de dólares de seu valor de mercado em questão de poucas horas. A pressão inflacionária já se torna maior e os norte-americanos mais realistas sabem que os próximos meses serão difíceis. Apesar de todos os indícios e recomendações, Donald Trump está irredutível e declara as tarifas universais como fato consumado.

China foi um dos países mais severamente taxados pelos Estados Unidos, 34% sob todos os produtos, acrescidos à 20% já previamente estipulado, levando para mais de 50% as tarifas aos produtos chineses. A pujante economia chinesa deve parte do seu crescimento ao acesso que teve ao fértil mercado consumidor norte-americano. Com a possibilidade de vender suas manufaturas às centenas de milhões de pessoas de classe média e classe alta, o setor industrial chines passou por um boom. Da mesma maneira, a oferta tentadora de mão de obra qualificada e barata foi prontamente aceita pelas mais diversas empresas estado-unidenses que estabeleceram seu parque industrial na Ásia, abandonando os altos impostos e altos salários da América do Norte. Esta relação se tornou simbiótica, impulsionando por décadas a economia americana e chinesa, com maior velocidade para a China, que partia de uma posição bem mais atrasada.

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Esta dinâmica de poder econômico e geopolítico passou por alguns momentos de tensão recentemente. Mesmo os Estados Unidos reinando de forma hegemônica nas duas frentes, a influência crescente da China na África, América Latina e Sudeste Asiático acendeu o alerta para os americanos. A iniciativa da rota da seda, a presença em portos, aeroportos e canais por todo o mundo, mostram que os chineses estão muito além da produção de lembrancinhas baratas. A clara vontade de Pequim de retomar o controle da ilha de Taiwan e seus vínculos bem próximos à Coreia do Norte, também evidenciam o antagonismo geopolítico à Washington DC.

A economia chinesa cresceu tanto e se diversificou de maneira tão rápida, que o poder de negociação que possuem em mãos perante os americanos, é o maior do planeta. Mecanismos de coerção econômica outrora aplicados de maneira rápida e bem-sucedida pelos Estados Unidos, agora enfrentam uma enorme muralha da China de contenção. Enquanto muitas nações taxadas se dividem entre retaliar reciprocamente ou aceitar contrariadas, Pequim foi rápida na sua resposta retaliatória, aplicando os mesmos 34% de tarifas sobre todas as mercadorias provenientes dos Estados Unidos. As sanções também atingiram parte estratégica da indústria de ponta dos americanos, colocando restrições à compra de minerais de terras-raras por algumas empresas, muitas das quais são responsáveis pela fabricação de produtos de alta tecnologia, como carros elétricos, computadores e celulares.

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Donald Trump replicou de forma enérgica, chamando a escolha chinesa da “pior decisão possível”, alegando que mesmo com a reciprocidade, a América continuará atraindo capitais e crescendo. A retórica forte é costumeira por parte do republicano, mas não consegue esconder os dados preocupantes e o sentimento generalizado de medo com uma recessão global. As bolsas de valores na Europa fecharam a semana com uma queda abrupta de 4%, os norte-americanos na faixa de menos 5%. As decisões tão rápidas e radicais para um mundo globalizado estão sendo computadas velozmente, mas sem conseguir prever de maneira precisa um horizonte ao longo prazo. Na América Latina há a esperança de se criar oportunidade em meio à adversidade e fazer novos negócios em um mundo com mais restrições à livre competição. Na Europa, por outro lado, a enfadonha crise econômica, acompanhada de baixos crescimentos tenderá a continuar durante o duelo sino-americano.

Aquilo que observamos esta semana é novo na geopolíticas pós Segunda Guerra Mundial, vendo pela primeira vez os Estados Unidos receberem uma resposta imediata e contundente no campo econômico. O que antes era considerado impossível pela inexistência de um adversário à altura, hoje se transforma em uma das mais imprevisíveis guerras comerciais de nosso tempo, um duelo entre o maior império vigente e seu candidato à sucessão. A jogada de Xi Jinping foi feita, o tabuleiro de xadrez econômico e geopolítico se altera mais uma vez. São muitas as expectativas, maiores ainda são as preocupações.

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Internacional

Apagão na Espanha e em Portugal gera caos no transporte público e deixa população sem sinal de celular

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Blecaute causou paralisações no metrô de Madri, Lisboa e Porto, cancelamentos de viagens de trem e congestionamentos; há relatos de falhas também na França, Alemanha e Finlândia, embora em menor escala

Um apagão atingiu nesta segunda-feira (28) vários países da Europa, principalmente Espanha e Portugal, provocando interrupções no transporte público, queda de sinal de celular e fechamento de comércios. Há relatos de falhas também na FrançaAlemanha e Finlândia, embora em menor escala. Na Espanha, a empresa Red Eléctrica informou que ativou planos de emergência para restabelecer o fornecimento de energia. Segundo dados reunidos pelo jornal El País, o consumo caiu pela metade entre 12h25 e 13h25 do horário local. Em comunicado, a companhia afirmou que “as causas estão sendo analisadas” e que “todos os recursos estão sendo dedicados à solução”.

Em Portugal, a fornecedora E-Redes relatou que o blecaute é parte de “um problema europeu mais amplo” e que o caso já foi reportado ao Centro Nacional de Cibersegurança. As autoridades portuguesas pediram que a população redobre a atenção no trânsito, uma vez que semáforos foram afetados em várias cidades, como Lisboa e Porto. Apesar de ainda não haver uma causa oficial confirmada, autoridades espanholas e portuguesas investigam a possibilidade de um ciberataque. “A dimensão do apagão é compatível com um ataque”, disse o ministro Adjunto e da Coesão Territorial de Portugal, Manuel Castro Almeida, embora tenha ressaltado que essa hipótese ainda não está confirmada.

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O blecaute causou paralisações no metrô de Madri, Lisboa e Porto, além de cancelamentos de viagens de trem e congestionamentos devido à falha dos semáforos. Em Madri, o torneio de tênis ATP Masters 1000 foi interrompido em meio a partidas importantes, como a de Grigor Dimitrov contra Jacob Fearnley. Segundo a ATP, a energia foi cortada às 12h34 locais.

Nos aeroportos portugueses, os embarques foram realizados manualmente, com apoio de geradores. A empresa ANA, responsável pela operação dos aeroportos, confirmou que as decolagens e aterrissagens seguiram em Faro, Porto e Lisboa, embora com limitações na capital. Hospitais, universidades e outros serviços essenciais em Portugal também acionaram geradores para manter o funcionamento. Em Lisboa, a emissora SIC relatou que houve casos de pessoas presas em vagões de metrô devido à falta de energia. As operadoras elétricas seguem trabalhando para restabelecer totalmente o serviço. A expectativa inicial era de normalização parcial a partir das 13h locais (9h em Brasília).

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‘Espero que possamos chegar a um acordo em todos os pontos discutidos’, diz Zelensky após reunião com Trump

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Presidente da Ucrânia declarou que deseja um ‘cessar-fogo total e incondicional’ e afirmou que, embora o encontro tenha sido ‘muito simbólico’, ele pode se tornar histórico caso alcance resultados concretos 

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse neste sábado (26) que falou de uma trégua “total e incondicional” durante seu encontro “simbólico” com seu colega americano, Donald Trump, que está pressionando pelo fim das hostilidades entre Kiev e Moscou. “Boa reunião. Conversamos bastante pessoalmente. Espero que possamos chegar a um acordo em todos os pontos discutidos”, escreveu Zelensky nas redes sociais após o encontro, que ocorreu paralelamente ao funeral do papa Francisco no Vaticano.

O líder acrescentou que quer “um cessar-fogo total e incondicional” e que a reunião foi “muito simbólica” e “pode se tornar histórica se alcançarmos resultados comuns”.

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