As câmeras não só gravam, como interpretam contextos por meio de dados. Com códigos e inteligência artificial, esses pequenos dispositivos podem evitar crimes, identificar placas e características, recortar detalhes, pesar veículos e, até mesmo, diferenciar irmãos gêmeos e encontrar pessoas desaparecidas.
A tecnologia das câmeras inteligentes já existe no Espírito Santo e está mais próxima dos capixabas do que imaginam. São os olhos da segurança pública, em pontos estratégicos, transformando em quase onipresente a vigilância.
O Cerco de Inteligência, integração de câmeras inteligentes criada pelo governo do Estado, é composto por 1.650 câmeras espalhadas por todo o Espírito Santo, organizadas em 290 pontos estratégicos, principalmente em regiões limítrofes entre as cidades.
Todas possuem tecnologia para leitura de placa e leitura de contexto, como cor do veículo ou alguma característica, como um adesivo de time colado na lataria. Os dispositivos também identificam se o motorista está usando cinto de segurança.
Na imagem, é possível ver retângulos em verde. É a Inteligência Artificial trabalhando.
Entre os anos de 2023 e 2025, houve redução de 27% no furto e roubos de veículos no Estado por influência do Cerco Eletrônico. Desde 2022, foram 1.389 veículos recuperados com ajuda das câmeras.
“Nós temos uma infinidade de bancos de dados, civis, criminais, de inteligência, de veículos e da Fazenda. São protegidos pelo Estado.As imagens coletadas ajudam a controlar o ambiente físico em todos os seus aspectos: na segurança pública, no trânsito, nas catástrofes, nas questões de sinistros… Ou seja, a câmera não está apenas para a segurança pública, ela regula o crescimento da cidade. A câmara serve para tudo“, explicou.
Câmeras inteligentes do ES já podem reconhecer pessoas e tecnologia está em fase de teste
Em 2024, o Estado lançou um projeto-piloto para reconhecimento facial nas câmeras do Cerco Inteligente.
Com o reconhecimento facial, será possível identificar procurados pela Justiça, outras pessoas que estão em grau de vitimização e localizar desaparecidos.
Neste momento, a Sesp testa a tecnologia, com dois grupos de trabalho em andamento, para definir qual a melhor tecnologia de reconhecimento facial a ser utilizada. A previsão é de contratar uma delas ainda no primeiro semestre deste ano.
“O reconhecimento facial é fabuloso. Em frações de segundo, a tecnologia pode pegar a sua foto de quando você tinha oito anos e, agora, mesmo já adulta, conseguir identificar. Da mesma forma, pegar uma pessoa que tá de boné, de barba, de óculos… a câmera trabalha com algorítimos. Consegue diferenciar gêmeos, por exemplo, porque interpretam dados. As câmaras do nosso estado conseguem fazer isso, nós estamos treinando”, disse.
Machine Learning: câmeras inteligentes podem ser treinadas para prever crimes
Na Sesp, existe um núcleo de cientistas de dados para trabalhar com a Inteligência Artificial das câmeras.
A ideia é transformar as informações da segurança pública em algorítimos e condicionar as câmeras a prever alguns crimes, o chamado machine learning.
Esses profissionais reúnem informações, por meio de estudos, de quais seriam as pistas para um crime de feminicídio ou tráfico de drogas, por exemplo, e condicionam a máquina a ler estes sinais e emitir avisos. Assim, a tecnologia responde automaticamente ao que precisa.
Hoje, no Espírito Santo, o treinamento das máquinas para prever crimes está em teste, mas para reconhecimento de placas, por exemplo, a assertividade das câmeras é suficiente.
Max Costa Machado é analista da Gerência de Tecnologia da Informação da Sesp. Ele conta que, no início, precisaram treinar as câmeras cruzando os bancos de dados manualmente, até a tecnologia ter ferramenta para trabalhar sozinha.
Cerco Inteligente não é videomonitoramento; saiba a diferença
Com tantos artifícios, é fácil de imaginar que exista uma grande sala com várias telas e profissionais da segurança pública observando as imagens. Mas, o Cerco Inteligente não possui essa funcionalidade, que é o de videomonitoramento.
Para o que o Cerco Inteligente se propõe a fazer, não é preciso que os policiais vigiem as câmeras em busca de identificar um carro ou uma pessoa. A própria máquina já está treinada para fazer essa identificação.
Se for o caso, vai emitir um alerta e, então, os profissionais verificam as imagens.
Em Vitória, capital do Espírito Santo, a proposta é de videomonitoramento. Neste, sim, existe uma grande sala onde os guardas municipais acompanham o movimento da cidade, já que estão lidando com um território mais limitado e, portanto, podem observar atentamente um bairro, por exemplo.
Com as câmeras, os sistemas de segurança do município é interligado com outras funcionalidades, como o Botão do Pânico da Lei Maria da Penha, Botão do Pânico Escolar e SOS Comércio.
Quando um destes alarmes toca, os guardas podem utilizas as câmeras para identificar as movimentações recentes no local.
A inteligência artificial também está presente nas 1.128 câmeras da Capital, com uma dinâmica parecida com o que ocorre no Cerco Inteligente.
É possível treinar a máquina para identificar carros suspeitos e até monitorar uma área, como explica Sedrik de Andrade, gerente da Central Integrada de Operações e Monitoramento da Guarda Civil Municipal de Vitória.
O assalto aconteceu em julho de 2024, em apartamento em Vila Velha, e a advogada já havia sido presa. Segundo a polícia, ela atuava como intermediária
Acusada de envolvimento em um roubo milionário em um apartamento em Vila Velha, uma advogada foi presa nesta segunda-feira (8) em um sítio na zona rural de Nova Venécia, no interior do Espírito Santo.
Após ser beneficiada com liberdade provisória, ela descumpriu medidas judiciais e passou a ser considerada foragida da Justiça.
Segundo a acusação, ela usava o fato de ser advogada para servir como intermediária entre o líder do grupo, que está preso, e os demais membros da organização. A prisão foi realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/ES), em parceria com o serviço de inteligência da Polícia Militar.
A advogada já havia sido presa anteriormente, em outubro de 2024, por envolvimento no roubo milionário, registrado no dia 17 de julho do mesmo ano.
Na época, a diarista do local afirmou que estava trabalhando, quando uma mulher armada apareceu no apartamento. Ao render a vítima, ela levou uma coronhada e desmaiou. Os criminosos levaram dois cofres, que, segundo a proprietária, tinham cerca de R$ 1 milhão em dinheiro e joias. A funcionária foi presa dias depois.
Após ser detida, a advogada chegou a ganhar liberdade provisória, mas não cumpriu as medidas cautelares impostas pela Justiça, tornando-se foragida. Desde então, ela era procurada pelas forças de segurança, que conseguiram localizá-la escondida no sítio.
De acordo com os investigadores, mesmo durante o período de fuga, ela continuava mantendo contato com outros membros da quadrilha e participava ativamente da rede criminosa.
Segundo a polícia, a advogada violou a ética da advocacia ao utilizar o sigilo profissional para facilitar atividades criminosas, prestando suporte direto ao comando da organização de dentro da cadeia.
Justiça aceita denúncia
A prisão da advogada marca o fim da fase de cumprimento dos mandados da operação Selati. A Justiça do Espírito Santo já aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público contra os envolvidos na organização. Agora, ela e outros réus vão responder pelos crimes de:
Organização criminosa armada
Tráfico de drogas
Posse ilegal de arma de fogo
Lavagem de dinheiro
Violação da legislação da segurança privada
Segundo a investigação da Polícia Federal, a quadrilha era organizada em núcleos. A advogada fazia parte do chamado núcleo técnico, composto por profissionais que, cientes da ilegalidade, repassavam ordens do líder preso aos demais membros da facção.
Além disso, o grupo contava com um núcleo gerencial, responsável pela logística do tráfico, e um núcleo financeiro, que cuidava da movimentação e disfarce do dinheiro ilícito.
Operação Selati
A operação Selati foi deflagrada em maio de 2025, após a prisão de um dos membros da quadrilha por posse ilegal de armas. Ao todo, a operação executou sete mandados de prisão temporária, sete de busca e apreensão, e sequestrou bens avaliados em cerca de R$ 2,6 milhões, incluindo carros de luxo e um jet-ski.
A Polícia Federal e o Ministério Público ressaltam que a responsabilização penal de todos os envolvidos independe de sua posição social ou profissional. A advogada, agora detida novamente, deverá responder por sua atuação dentro do esquema criminoso.
Criminosos vigiaram a vítima dentro da agência, localizada em Jacaraípe. A idosa foi agredida com coronhadas
Uma idosa de 68 anos foi assaltada após sair de uma agência bancária localizada na Avenida Abdo Saad, em Jacaraípe, na Serra. O valor levado pelos criminosos foi de R$ 1.500, dinheiro que seria usado para pagar as contas do mês.
Ela havia acabado de sacar o auxílio-doença, benefício que, segundo contou, precisa ser retirado em dinheiro vivo por não permitir Pix ou transferência.
A mulher, que preferiu não se identificar, contou que sempre guarda o dinheiro enrolado em um pedaço de papel dentro da calça. Ao deixar o banco, foi abordada por dois homens, um deles armado, que a agrediu com coronhadas e exigiu o dinheiro.
O que estão falando é que eu estava sendo vigiada lá dentro do banco, porque quando ele colocou o revólver em mim, que me pediu o dinheiro, ele falou: ‘tira o dinheiro de dentro da sua calça’.
Durante o assalto, um dos criminosos ainda ameaçou a vítima, dizendo que sabia onde ela morava e que ela deveria “tomar cuidado” se pensasse em denunciá-los. “Ele disse que sabe onde eu moro, que é para eu tomar cuidado se denunciar o caso”, relatou.
Testemunhas relataram que os criminosos seguiram em direção à orla da praia, nas proximidades da avenida, onde tentaram abordar outra mulher para roubar uma bicicleta.
Ainda segundo as testemunhas, os assaltantes não seriam da Serra, mas sim de Vitória, e teriam ido até Jacaraípe para cometer uma série de crimes. “Fiquei sem dinheiro para pagar minhas contas. Eu com 68 anos”, desabafou.
Ela contou que, a partir de agora, pretende só ir acompanhada de uma amiga quando for sacar o benefício.
A Polícia Civil informou que o caso segue sob investigação e, até o momento, nenhum suspeito foi identificado.