Um laudo criminal da perícia da Polícia Civil apontou a contaminação de duas amostras da cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer, com a substância dietilenoglicol. O documento foi enviado pela polícia as autoridades estaduais e municipais da área da saúde.
Segundo o texto, “nas duas amostras de cerveja encaminhadas pela vigilância sanitária do município de Belo Horizonte (cerveja pilsen marca Belorizontina lotes L1 1348 e L2 1348) foi identificada a presença da substância dietilenoglicol em exames preliminares. Ressalto que estas garrafas foram recebidas lacradas e acondicionadas em envelopes de segurança da vigilância sanitária municipal”. A informação foi confirmada mais tarde em coletiva de imprensa.
Quatro garrafas da cerveja, recolhidas pela Vigilância Sanitária na casa de pacientes que sentiram os sintomas da doença misteriosa, foram enviadas para análise para o Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais, para investigar possível contaminação.
Em nota, a Backer informou ser preciso ressaltar que “essa substância não faz parte do processo de produção da cerveja, fabricada pela Cervejaria Backer. Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para auxiliar no que for necessário até a conclusão das investigações”.
A polícia também orientou, em coletiva de imprensa na noite dessa quinta-feira, 9 de janeiro, que os consumidores não usem a cerveja Belorizontina dos lotes L1 1348 e L2 1348, pois há grande risco de contaminação.
A substância é usada no processo de refrigeração da cerveja e funciona como anticongelante.
Na tarde desta quinta-feira a PC realizou uma inspeção na fábrica da cervejaria Backer, que fica no bairro Olhos D’Água, no oeste da capital mineira. Na fábrica, os agentes também recolheram outras garrafas que ainda serão comparadas com as fornecidas por famílias de pacientes.
Até o momento, a doença misteriosa matou uma pessoa e causou a internação de pelo menos outras sete. As vítimas têm idades entre 23 e 76 anos e apresentaram os mesmos sintomas — desconforto gastrointestinal (náusea, vômito e dor abdominal), insuficiência renal aguda de evolução rápida (em até 72 horas) e alterações neurológicas como paralisia facial, vista borrada, cegueira total ou parcial.
A vitima fatal foi identificada como Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele estava internado desde 31 de dezembro no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, e morreu na última terça-feira, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.
Todos os afetados pela doença estão, de alguma forma, ligadas ao bairro Buritis, de classe média alta: trabalham, moram ou passaram por lá nos dias anteriores à contaminação. Os casos começaram a aparecer no final de dezembro.