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Medicina e Saúde

Como o calor extremo pode sobrecarregar seu coração

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A desidratação, vasodilatação e aumento da frequência cardíaca criam um ambiente propício para problemas cardíacos, arritmias, tromboses e AVCs

Com as mudanças climáticas transformando gradualmente a paisagem ambiental global, ondas de calor extremas tornaram-se eventos cada vez mais frequentes e intensos, representando ameaças significativas à saúde cardiovascular. Quando as temperaturas ultrapassam os 35°C, o corpo humano desencadeia uma série de respostas fisiológicas para regular a temperatura interna. No entanto, esses mecanismos podem sobrecarregar o sistema cardiovascular e agravar condições de saúde preexistentes.

Como o Corpo Reage ao Calor Extremo?

Para manter a temperatura corporal estável, o organismo ativa mecanismos de resfriamento, sendo os principais:

  1. Vasodilatação
Uma das primeiras reações do corpo ao calor intenso é a vasodilatação dos vasos sanguíneos periféricos, especialmente aqueles localizados na pele. Esse processo tem o objetivo de dissipar o excesso de calor, permitindo que ele seja transferido para o ambiente externo. No entanto, esse aumento no diâmetro dos vasos sanguíneos reduz a resistência vascular, levando à diminuição da pressão arterial.

Para compensar essa queda na pressão arterial, o coração precisa bombear mais rapidamente, aumentando a frequência cardíaca (taquicardia). Em indivíduos saudáveis, esse mecanismo é geralmente bem tolerado. No entanto, em pessoas com doenças cardíacas preexistentes, como insuficiência cardíaca ou doença arterial coronariana, a capacidade do coração de responder a essa sobrecarga é limitada, podendo causar angina (dor no peito), palpitações e falta de ar.

  1. Transpiração e Desidratação

A transpiração é essencial para o resfriamento do corpo, pois libera calor durante a evaporação da água na pele. No entanto, a perda excessiva de fluidos e eletrólitos (sódio e potássio) pode levar à desidratação, resultando em:

  • Aumento da viscosidade sanguínea → O sangue fica mais espesso, dificultando sua circulação.
  • Sobrecarga cardíaca → O coração precisa trabalhar mais para bombear o sangue através dos vasos.
  • Maior risco de arritmias → Batimentos cardíacos irregulares podem surgir devido ao desequilíbrio eletrolítico.
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Essa combinação de desidratação, vasodilatação e taquicardia cria um ambiente propício para a formação de coágulos sanguíneos (trombos), aumentando o risco de:

  • Trombose venosa profunda
  • Embolia pulmonar
  • Infarto do miocárdio
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Quem está mais vulnerável ao calor extremo?

Certos grupos populacionais são mais suscetíveis aos efeitos adversos das altas temperaturas, incluindo:

  • Crianças → Têm um sistema de termorregulação menos eficiente.
  • Idosos → Muitas vezes não percebem a sede e podem tomar medicamentos que alteram o equilíbrio hídrico.
  • Gestantes → São mais sensíveis às oscilações de temperatura.
  • Pessoas com doenças crônicas → Pacientes com diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca ou renal correm riscos aumentados, pois o calor pode descompensar suas condições.
  • Trabalhadores ao ar livre (construção civil, agricultura) e pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica também enfrentam desafios extras, muitas vezes sem acesso a recursos como ar-condicionado e água potável adequada. 

Principais Riscos para a Saúde Cardiovascular

O calor intenso pode exacerbar diversas doenças cardíacas e causar complicações graves, incluindo:

  • Insuficiência Cardíaca → Pode se agravar, levando a falta de ar e inchaço nas pernas devido ao esforço extra exigido do coração.
  • Hipertensão Arterial → Pode se descontrolar em temperaturas elevadas, aumentando o risco de AVC.
  • Arritmias → Comuns em climas quentes, podendo causar palpitações, tonturas e desmaios.
  • Insolação → Uma emergência médica grave, caracterizada por temperatura corporal elevada (>40°C), pele quente e seca, confusão mental e, em casos extremos, perda de consciência. Se não tratada rapidamente, a insolação pode afetar órgãos vitais, como coração, cérebro, rins e fígado, com risco de morte.
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Como Proteger o Coração no Calor Extremo?

Para minimizar os efeitos do calor na saúde cardiovascular, algumas medidas preventivas são essenciais:

  • Mantenha-se hidratado → Beba água regularmente, mesmo sem sentir sede. Evite bebidas alcoólicas e açucaradas, que podem agravar a desidratação. Evite a exposição ao sol nos horários mais quentes → Entre 10h e 16h, procure locais frescos e ventilados.
  • Use roupas leves e de cores claras → Tecidos respiráveis ajudam a manter o corpo fresco.
  • Proteja-se do sol → Use chapéu, óculos escuros e protetor solar.
  • Adapte sua rotina de exercícios → Prefira horários mais frescos, reduza a intensidade e hidrate-se bem antes, durante e após a atividade física.
  • Monitore a pressão arterial e a frequência cardíaca → Essencial para pessoas com histórico de doenças cardiovasculares.
  • Atenção aos sintomas de alerta → Tontura, dor no peito, falta de ar e confusão mental exigem atendimento médico imediato.
  • Apoie os mais vulneráveis → Auxilie idosos, crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade para garantir que estejam protegidos do calor.

Conclusão

O calor extremo impõe desafios significativos ao coração e ao sistema cardiovascular. A desidratação, vasodilatação e aumento da frequência cardíaca criam um ambiente propício para problemas cardíacos, arritmias, tromboses e AVCs. Adotar medidas preventivas e reconhecer os sinais de alerta pode fazer a diferença entre um desconforto temporário e uma emergência médica grave.

Cuidar da saúde cardiovascular durante períodos de calor intenso é uma responsabilidade coletiva. Informar-se, adotar hábitos preventivos e auxiliar os grupos mais vulneráveis são ações essenciais para enfrentar os desafios climáticos e garantir um ambiente mais seguro e saudável para todos.

*Por Rodrigo Almeida Souza, PHD, FESC, TEC
Cardiologia Clínica e Intervencionista

CRM-PA 7926 / RQE 4130 / 4137

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Dormindo a noite toda, mas acorda cansado? Saiba o que pode significar

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Você se deita cedo, dorme as recomendadas oito horas, mas ainda assim acorda se sentindo como se tivesse corrido uma maratona durante a noite? Essa sensação de cansaço matinal, mesmo após uma noite aparentemente tranquila, pode ser mais comum do que se imagina e tem explicações científicas.

Dormindo a noite toda, mas acorda cansado? Saiba o que pode significar

Dormir por muitas horas não garante um descanso reparador. Distúrbios como a apneia do sono, caracterizada por interrupções momentâneas da respiração, podem fragmentar o sono sem que a pessoa perceba, resultando em cansaço ao despertar.

Outros sinais de sono não restaurador incluem sudorese noturna e movimentos excessivos durante a noite.

Nosso corpo possui um “relógio biológico” que regula o ciclo sono-vigília. Alterações nesse ritmo, seja por dormir e acordar em horários irregulares ou por exposição à luz artificial à noite, podem causar a chamada cronorruptura, levando à sensação de cansaço mesmo após uma longa noite de sono.

O consumo de cafeína ou álcool antes de dormir pode interferir na qualidade do sono. Enquanto a cafeína é um estimulante que dificulta o adormecer, o álcool, apesar de inicialmente sedativo, pode causar despertares noturnos e reduzir a profundidade do sono.

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Condições como a hipersonia, caracterizada por sonolência excessiva durante o dia, podem ser causadas por distúrbios neurológicos, uso de certos medicamentos ou outras doenças. Além disso, transtornos do humor, como depressão e ansiedade, também podem afetar a qualidade do sono e levar ao cansaço matinal.

O que fazer?

  • Manter horários regulares para dormir e acordar.
  • Evitar cafeína e álcool nas horas que antecedem o sono.
  • Criar um ambiente propício ao descanso: escuro, silencioso e com temperatura agradável.
  • Consultar um profissional de saúde para investigar possíveis distúrbios do sono ou condições médicas subjacentes.

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Anvisa aprova medicamento que pode retardar o Alzheimer

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Uma esperança no tratamento ao Alzheimer. É que foi aprovado pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, um medicamento que pode retardar em muitos casos a doença de Alzheimer, se tratada no estágio inicial.

Com o nome comercial de kinsula, o donanemabe, da farmacêutica Eli Lilly, foi aprovado nos Estados Unidos em julho do ano passado e retardou em 35% nos pacientes com a doença menos avançada.

O produto é injetável e administrado uma vez por mês, o donanemabe foi avaliado em um estudo principal envolvendo 1.736 pacientes com doença de Alzheimer em estágio inicial. Eles apresentavam comprometimento cognitivo e demência leves; e o acúmulo da proteína beta-amiloide, cujas placas interferem no funcionamento no cérebro. Foram analisadas também alterações na cognição e na função cerebral de cada um.

Os pacientes tratados com o medicamento apresentaram progressão clínica menor e estatisticamente significativa na Doença de Alzheimer em comparação aos pacientes tratados com placebo.

A doença é progressiva, ainda não tem cura, mas o medicamento conseguiu retardar seu avanço.

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Existe ainda a contraindicação para pacientes que estejam tomando anticoagulantes (incluindo varfarina) ou que tenham sido diagnosticados com angiopatia amiloide cerebral.

Como acontece com qualquer medicamento, a Anvisa irá monitorar rigorosamente a segurança e a eficácia do donanemabe. 

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