Gritzbach já havia sido alvo de um atentado na véspera do Natal de 2023, quando um tiro de fuzil foi disparado contra a janela do apartamento onde mora, no Tatuapé, na zona leste, mas o autor errou o alvo. A reportagem apurou que a polícia já identificou o responsável por esse atentado.
“Eu havia sido contra a delação porque eu sabia que não ia terminar bem”, disse Salotto. “Ele denunciou policiais corruptos e bandidos. Quem poderia matá-lo?”
A investigação ficará a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “A delação foi a sentença de morte dele”, acrescentou Salotto.
O que Gritzbach disse na delação?
Gritzbach trabalhou na Porte até 2018. Aos investigadores, ele disse que conheceu os integrantes da facção “no âmbito do ambiente de trabalho da Porte” por meio de um corretor de imóveis em razão da venda de dois apartamentos no Tatuapé, na zona leste, paulistana, região que virou um reduto da cúpula do PCC nos últimos anos.
O Ministério Público Estadual (MPE) está investigando a Porte, sob a suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas, segundo a delação do ex-funcionário.
Segundo a delação premiada, executivos da Porte receberam pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e sabiam de registros de bens em que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto.
Em agosto, quando o Estadão revelou a investigação, a Porte afirmou que não sabia do conteúdo da investigação e afirmou que colaboraria com as autoridades, caso acionada. A construtora disse desconhecer que entre os clientes do ex-funcionário estivessem pessoas ligadas ao crime organizado
Empresário negava ter mandado matar traficante
Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como Magrelo ou Cara Preta, era um dos principais traficantes do PCC. Gritzbach dizia que conheceu Cara Preta porque ele seria dono de dois apartamentos no Tatuapé que foram vendidos por um corretor de imóveis que ele conhecia.
Ligado ao envio de drogas para a Europa, Cara Preta era acionista da empresa de ônibus UPBUs.
Em apenas 9 meses de 2020, Cara Preta movimentou R$ 160 milhões em contas bancárias, segundo relatório de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A direção da UPBUs nega ter lavado dinheiro do PCC.
O traficante foi assassinado em 27 de dezembro de 2021 em uma emboscada no Tatuapé. Gritzbach negava ser mandante da execução de Cara Preta e também de Sem Sangue, que fazia a segurança do chefe da facção.