Atualmente, o país ocupa a 26ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, sendo considerado o mais perigoso da América Latina para os cristãos
O jovem Juan Pablo* foi criado pela mãe e avó e desde cedo conheceu Jesus em Cuba. Ele lembra como foi ensinado a orar a Deus em todas as circunstâncias. Aos 16 anos, tomou a decisão pessoal de se tornar cristão e, hoje, é um dos líderes em treinamento apoiados pela Portas Abertas.
Desde os primeiros anos na escola, Juan Pablo enfrentou dificuldades por causa de sua fé. Colegas o chamavam de “garoto estranho” apenas porque orava antes do almoço e frequentava a igreja. Com o tempo, o assédio físico e a humilhação pública começaram a fazer parte de sua rotina, muitas vezes incentivados pelos próprios professores.
Os desafios aumentaram quando ele ingressou na faculdade de economia. As autoridades acadêmicas descobriram sua fé e começaram a pressioná-lo para renunciar a ela. Ele foi forçado a se filiar à Federação de Jovens Comunistas Cubanos (UJC), mas recusou. Como consequência, suas notas, antes excelentes, começaram a cair sem explicação. Eventualmente, a perseguição se tornou insustentável e Juan Pablo precisou abandonar a universidade.
A repressão a cristãos em Cuba não é um fenômeno novo. Muitos jovens vivem situações semelhantes há décadas. Segundo Josué Valdez*, pesquisador da Portas Abertas, o regime comunista passou a enxergar a religião como uma ameaça ao seu controle, associando a fé cristã a valores contrários ao socialismo. As instituições religiosas passaram a ser vigiadas de perto, e seus líderes, perseguidos.
Miguel*, pastor há mais de 20 anos e voluntário da Portas Abertas, conta como, quando era estudante, precisava se reunir em segredo com outros cristãos. Para evitar a repressão, encontravam-se nas montanhas ou em locais isolados para compartilhar a fé. Caso fossem descobertos, poderiam ser expulsos e acusados de evangelismo. Embora o governo tenha declarado Cuba um Estado laico em 1992 e afirmado que a perseguição havia diminuído, a realidade dos cristãos cubanos mostra o contrário.
Miguel testemunhou como o governo tenta controlar o crescimento das igrejas e silenciar aqueles que não apoiam suas políticas. Segundo dados da Portas Abertas, entre janeiro de 2021 e março de 2024, foram registrados 614 incidentes de perseguição contra cristãos em Cuba, incluindo o fechamento de igrejas. Atualmente, o país ocupa a 26ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, sendo considerado o mais perigoso da América Latina para os cristãos.
Para especialistas, a educação cristã se tornou essencial para manter a fé em meio à repressão. As igrejas desempenham um papel crucial ao fornecer apoio espiritual e moral às famílias, algo que o Estado não pode oferecer. Nos últimos quatro anos, a Portas Abertas tem investido na capacitação de líderes cristãos por meio de treinamentos bíblicos, discipulado e estratégias de evangelismo.
Os esforços incluem métodos para engajar os jovens e fortalecer as igrejas mesmo sob perseguição. Juan Pablo é um dos beneficiados por esse treinamento e encontrou um novo propósito após ter que deixar a universidade. Seu objetivo agora é continuar no ministério e dedicar sua vida a servir a Deus, levando outras pessoas a Jesus, mesmo diante das restrições impostas pelo regime cubano.
Fonte: Portas Abertas