Conhecida como a maior torcida organizada do esporte olímpico brasileiro, os Chapolins encontram dificuldades com as mudanças dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que foram remarcados para o ano que vem, mas mantêm a viagem para a competição, que ainda não tem data marcada em 2021. O grupo, que presencia os grandes eventos esportivos desde 2011, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (México), terá que batalhar para mudar a data de hospedagem.
Chapolins na torcida durante o Mundial de Handebol — Foto: Wander Roberto/Photo&Grafia
– A viagem está mantida, estamos aguardando o COI em relação às novas datas para entrar com o procedimento de alteração de passagem e hospedagem. Minhas férias já estavam programadas, mas minha sorte é que eu trabalho em uma empresa mais flexível – disse Gustavo Cardoso, um dos membros da torcida, que trabalha na área de turismo.
O grupo terá que conversar com o Airbnb, empresa de aluguel de casas e quartos, já que tinham um contrato que não previa cancelamento de data, ou seja, não teriam direito ao ressarcimento ou remanejamento para ano que vem.
O Comitê Olímpico Internacional informou que ainda vai analisar a questão dos ingressos, se eles serão reembolsados ou se valerão para as novas datas. A previsão era a de arrecadar US$ 800 milhões (R$ 4 bilhões) apenas com a venda de bilhetes. Para se ter uma ideia do sucesso da comercialização das entradas, os Jogos Rio 2016 chegaram ao total de R$ 1,2 bilhão.
– Tudo depende da nova programação, espero que não haja nenhuma alteração nos horários das provas. Mantendo do mesmo jeito, já temos cerca de 60% dos ingressos que a gente queria comprar. Temos 114 ingressos já – conta Saulo Próspero, outro membro da torcida.
Chapolins Brasileiros — Foto: Cinara Piccolo/Photo&Grafia
O advogado Marcio Andraus, da CCLA Advogados, é especializado em direito do consumidor, e separa os torcedores que tinham comprado ingressos e marcado hospedagem em dois grupos: os que fizeram com a agência oficial e os que adquiriram por conta própria:
– Esses eventos, Copa do Mundo e Olimpíadas, costumam ter a agência oficial do evento, e essa agência vende pacotes. Quando o pacote é vendido por uma agência oficial, o consumidor tem todo o ressarcimento necessário, hospedagem e avião, ou a opção de remarcação. O pacote é vinculado ao evento. Quem comprou de maneira separada tem que imediatamente entrar em contato com hotel e empresa aérea e ver a política de troca. Se for feita com antecedência, há uma política de troca ou cancelamento sem nenhum prejuízo ao consumidor. A possibilidade de um ressarcimento integral ou remarcação de passagem é bastante provável – disse o advogado.
Torcida Chapolin durante a Olimpíada — Foto: Getty Images
O problema se agrava, porém, quando a compra foi feita sem dar muita atenção ao contrato:
– No contrato que você assinou com agência ou site, as letrinhas pequenas, ali tem a política de devolução. Pode ser 20% de devolução ou 100%, mas a política está ali. Mas, independente disso vale a pena entrar em contato diretamente com os hotéis e companhia – disse Marcio.
Baby chapolin torcida — Foto: Reprodução
Por fim, o advogado sabe que as discussões vão acontecer:
– Tem que ver a força maior no momento da utilização. Se você chegar no dia 24 de julho, o voo está disponível, as companhias entendem que você que não quis utilizar. O mesmo acontecendo com o hotel. Aí é sempre bom entrar em contato o quanto antes – concluiu.