A Operação Morada Ilusória da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão em São Mateus, teve como principal alvo o secretário de Obras do município, Albino Enézio dos Santos. Ele é suspeito de direcionar contratos de licitação para construção de unidades habitacionais no município.

Tanto a casa quanto o gabinete do secretário foram alvos da operação que cumpriu, ao todo, oito mandados de busca e apreensão. Uma pessoa foi presa.

Segundo as investigações, um filho do secretário teria recebido um apartamento de uma das empresas contratadas pela Secretaria de Obras como “pagamento” pela concessão do contrato público.

A aquisição do apartamento, que faria parte das unidades habitacionais entregues pela construtora à prefeitura, teria ocorrido por meio de um contrato de compra e venda, mas as investigações teriam apontado que não havia compatibilidade financeira entre o comprador e o valor do imóvel.

O apartamento seria, então, segundo as investigações, o “pagamento” da construtora que foi beneficiada com o direcionamento da licitação.

Além do filho do secretário, uma suposta servidora pública também teria recebido um apartamento nas mesmas condições. Ela também foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas por ter sido cumprido em Vitória não ficou claro se ela ainda tem vínculo com a prefeitura.

As investigações também citam um suposto “descompasso” entre a entrega das unidades habitacionais e o que foi executado dentro do orçamento público. O programa de habitação que teria sido alvo das irregularidades não foi revelado.

A operação foi autorizada pela 3ª Vara Criminal de São Mateus e decorre de investigação de possível desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e peculato. A investigação teve início após denúncia feita à Polícia Federal de suposto enriquecimento ilícito de servidores públicos a partir da Secretaria de Obras.

Durante a operação, um empresário alvo dos mandados de busca foi preso, autuado por receptação, por estar de posse de uma arma com restrição de furto.

O OUTRO LADO

Em contato com a Prefeitura de São Mateus, por meio da assessoria de comunicação e também conversou com o secretário de Comunicação interino, Ricardo Louzada. Questionou se a prefeitura iria se posicionar a respeito da operação ou se tomaria alguma medida com relação ao secretário alvo da operação.

A Prefeitura respondeu com duas notas. Na primeira, enviada às 16h55, disse não ter nada a declarar: “A Prefeitura de São Mateus, em nota, informa que, neste momento, não tem nada a declarar, considerando que não recebeu qualquer intimação acerca da alegada investigação”.

Já na segunda, enviada uma hora depois, afirmou que irá instaurar um processo administrativo para apurar os fatos.

“A Prefeitura de São Mateus informa que, atualmente, não possui informações oficiais, uma vez que ainda não recebeu qualquer notificação formal referente à suposta investigação mencionada. Até o momento, todas as informações chegaram ao nosso conhecimento exclusivamente por meio da mídia”, diz trecho da nota. Que segue:

“Diante dos fatos relatados e das informações veiculadas pela imprensa, a Prefeitura decidiu instaurar um processo administrativo com o objetivo de apurar os fatos de forma minuciosa. Este processo visa assegurar a transparência e a responsabilidade na administração pública. Reafirmando nosso compromisso com a transparência e a integridade”.

A coluna também tentou contato com o secretário Albino, em seu celular, porém, não houve retorno até o fechamento desta coluna. Também não houve sucesso na busca por seu assessor e advogado.

FONTE: FOLHA VITÓRIA.