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Política Nacional

Governo cria e retoma impostos visando arrecadar R$ 150 bi para viabilizar novas regras fiscais

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Para impulsionar incremento de receita, Executivo voltou a cobrar tributos sobre combustíveis e mira taxa para apostas esportivas

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou no fim de março uma nova proposta de regra fiscal para as contas do país que prevê, entre outros pontos, estabilizar a dívida pública do Brasil a partir do ano que vem, quando o Executivo acredita ser possível zerar o déficit fiscal. Mas para cumprir essa meta o governo diz que precisa aumentar a receita em até R$ 150 bilhões, e a solução para conseguir esse valor foi ampliar a arrecadação de impostos.

No início do ano, a equipe econômica do presidente já havia anunciado a criação e retomada de alguns tributos, como a cobrança de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre gasolina e etanol. A isenção dos impostos sobre os combustíveis durou até o fim de fevereiro e o governo decidiu não renovar a desoneração por avaliar que era necessário recompor o orçamento público.

O retorno integral dos impostos significaria um incremento de cerca de R$ 28,7 bilhões aos cofres públicos, mas o Palácio do Planalto optou por cobrar uma alíquota parcial até o fim de junho, que será de R$ 0,47 sobre a gasolina e de R$ 0,02 sobre o etanol. Com isso, a estimativa de arrecadação é de R$ 22 bilhões.

Para compensar o valor que estaria “perdendo” pela cobrança gradual dos tributos sobre os combustíveis, o governo criou um imposto temporário para ser aplicado nas exportações de petróleo cru, que vai durar até junho. Essa medida, nas contas do Ministério da Fazenda, deve representar um acréscimo de aproximadamente R$ 6,7 bilhões às receitas da União.

Outra estratégia do governo para ampliar a arrecadação foi lançar um programa de renegociação de dívidas federais, o Litígio Zero. Podem ser negociadas cobranças no âmbito da Delegacia da Receita Federal de Julgamento e do Carf, ou dívidas de pequeno valor no contencioso administrativo ou litígios inscritos em dívida ativa da União. Com o programa, o governo espera alcançar ao menos R$ 35 bilhões.

Além disso, o governo elaborou uma medida provisória que exclui o ICMS da incidência e da base de cálculo dos créditos tributários de PIS e Cofins. Anteriormente, a Receita Federal considerava que o ICMS embutido nos produtos vendidos integraria o faturamento das empresas, sobre o qual é calculado o valor de PIS e Cofins.

Os créditos tributários representavam impostos pagos a mais ao longo da cadeia produtiva que podiam ser devolvidos ao contribuinte ou usados para abater o pagamento de outros tributos. Com a medida provisória, as empresas terão uma devolução menor. Dessa forma, o Executivo pode ter um acréscimo de quase R$ 31,9 bilhões aos cofres públicos só neste ano.

Outra medida provisória do Executivo que também deve incrementar a arrecadação com tributos é a que recriou o chamado “voto de qualidade” do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). O instrumento possibilita que representantes da Fazenda desempatem votações em julgamentos a favor da União, o que pode ampliar a arrecadação em até R$ 59 bilhões por ano.

A análise dessa MP no Congresso Nacional ficou comprometida em meio ao impasse entre Câmara e Senado sobre a instalação de comissões mistas para a tramitação de medidas provisórias, mas a matéria será transformada em projeto de lei com urgência. Dessa forma, a proposta será discutida e votada em até 45 dias.

Apostas esportivas e encomendas internacionais

Mais uma fonte alternativa de arrecadação para os cofres públicos será a taxação de apostas esportivas. O Ministério da Fazenda ainda vai anunciar a medida oficialmente, mas a ideia é cobrar um tributo de 15% sobre a receita líquida dos jogos. A alíquota vai incidir sobre o chamado “gross gaming revenue”, que é a receita obtida com todas as apostas feitas menos os prêmios pagos aos apostadores.

Além disso, o governo vai exigir que as empresas responsáveis por sites de apostas tenham sede fixa no Brasil. Dessa forma, elas teriam de pagar, no mínimo, quatro tributos: o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), PIS e Cofins. A estimativa do Executivo é de arrecadar ao menos R$ 12 bilhões com essas regras.

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Para incrementar ainda mais a receita, o governo definiu que vai reforçar a fiscalização sobre o comércio eletrônico internacional. O objetivo é evitar que empresas estrangeiras deixem de pagar imposto de importação sobre mercadorias.

Atualmente, em transações envolvendo apenas pessoas físicas, compras de até 50 dólares são livres do tributo. A isenção não é válida para vendas efetuadas por pessoas jurídicas, que precisam pagar uma taxa de 60% sobre o valor da mercadoria.

No entanto, é comum que os pacotes sejam enviados ao Brasil tendo como remetente uma pessoa física, e não uma empresa. Dessa forma, as lojas se livram do imposto obrigatório. Além disso, nas compras de mais de um produto, virou costume que as lojas enviem pacotes separados e declarem um valor inferior a 50 dólares, tudo para evitar a taxação.

De acordo com o Ministério da Fazenda, será elaborada uma medida provisória determinando que as lojas prestem uma declaração antecipada com os dados do exportador e de quem compra, além do produto.

“Esse benefício [isenção do imposto] se aplica somente para envio de pessoa física para pessoa física. Se, com base nele, empresas estiverem fracionando as compras, e se fazendo passar por pessoas físicas, estão agindo ilegalmente. As mudanças vão beneficiar o consumidor que vai receber suas compras online mais rápido, com mais segurança e qualidade. Isso porque os produtos terão o processo de liberação agilizado, a partir das informações prestadas pelo vendedor legal, enquanto ainda estiverem em trânsito para o país.”

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Política Nacional

Moro bate boca com ministro da Previdência após acusação de omissão em fraude do INSS

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Wolney Queiroz Maciel disse que a investigação da Controladoria-Geral da União durou anos, e que se fosse uma coisa simples de ser detectada, a investigação teria sido deflagrada em 2023

O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz Maciel, afirmou nesta quinta-feira (15) na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado que o “tamanho e magnitude” das fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) só vieram à tona após a Operação Sem Desconto. Segundo Wolney, antes da investigação “o que se sabia” era o que havia sido publicado pela imprensa – as fraudes foram reveladas pelo portal Metrópoles. “Se fosse uma coisa simples de ser detectada, a investigação teria sido deflagrada em 2023. É uma coisa que demanda responsabilidade, serenidade, tempo”, disse Wolney, ao destacar que a investigação da Controladoria-Geral da União durou anos. A indicação ocorreu quando o ministro foi questionado pelo senador Sergio Moro (União-PR) sobre medidas tomadas pela pasta após os descontos indevidos serem levados à pauta de reunião em 2023. Wolney reafirmou em diferentes momentos de sua oitiva no Senado que foi o governo Lula quem “mandou chamar a polícia para acabar com fraude do INSS”.

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Durante a sessão, os ministros chegaram a bater boca. Wolney defendeu que, após tal reunião, o ministério recebia informações do INSS de que “medidas estavam sendo tomadas, critérios eram endurecidos, que reclamações diminuíram”. O ministro voltou a colocar as fraudes na conta do governo de Jair Bolsonaro. Enquanto Moro apontou que denúncias foram levadas ao ministério em junho de 2023, o ministro frisou que as primeiras notícias sobre as fraudes surgiram em 2019, quando houve uma solicitação do Tribunal de Contas da União acerca da decisão do ex-presidente que deu fim à revalidação dos descontos “Quem sepultou a revalidação foi o governo anterior”, frisou.

Wolney ainda indagou Moro sobre se o ex-ministro teria feito “alguma coisa para coibir essas fraudes”, com base na notícia de que um servidor denunciou os descontos indevidos em 2020. Moro era ministro da Justiça de Bolsonaro até abril de 2020, quando pediu demissão e acusou o ex-presidente de suposta tentativa de interferência na Polícia Federal. Moro rebateu o que chamou de “sugestão” do ministro de que teria se “omitido”. “Esse depoimento foi no mês de setembro de 2020, sequer eu estava no governo mais. Se eu tivesse recebido, como você recebeu, em junho de 2023, a notícia de que haviam essas fraudes eu teria tomado providências imediatas. Refuto a omissão que vossa excelência quis me acusar. Quem se omitiu como secretário da Previdência foi Vossa Excelência”, disse Moro.

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O ministro participou de sessão da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado para prestar informações sobre as fraudes relacionadas a descontos não autorizados por aposentados e pensionistas do INSS. O pedido de audiência foi feito pelos senadores Sergio Moro (União-PR), Dr. Hiran (PP-RR), Eduardo Girão (Novo-CE) e Marcos Rogério (PL-RO).

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Política Nacional

Por unanimidade, STF condena Carla Zambelli a 10 anos de prisão

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Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quarta-feira (14) a deputada Carla Zambelli (PL-SP) a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. Cabe recurso contra a decisão. 

A condenação pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica foi obtida com os votos do relator do caso, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia. O julgamento virtual começou na sexta-feira (9) e foi finalizado hoje. 

Com a decisão, Zambelli também foi condenada à perda do mandato após o fim de todos os recursos possíveis e o pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos, valor que deverá ser dividido com hacker Walter Delgatti, que é réu confesso e que foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão neste mesmo processo

Conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

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Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Delgatti, que confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.

Defesa

Em nota à imprensa após o início do julgamento, a defesa de Carla Zambelli contestou a realização de um julgamento virtual para condenar a deputada. Os advogados também consideraram “absolutamente injusto” que a parlamentar seja condenada “sem provas irrefutáveis”.

Eleições

Carla Zambelli responde a outro processo criminal no STF. Em agosto de 2023, Zambelli virou ré no Supremo pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.

A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.

Até o momento, o Supremo registrou placar de 6 votos a 0 para condenar a parlamentar a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto. No entanto, um pedido de vista do ministro Nunes Marques adiou a conclusão do julgamento.

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