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“Não é normal”, dizem coveiros sobre trabalho em cemitérios

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Depois de vinte anos trabalhando como agente sepultador na cidade de São Paulo, Manoel Norberto Pereira diz que o ritmo de trabalho nos cemitérios mudou desde a semana passada.

“Os outros trabalhos estão suspensos. A dedicação agora é abrir cova”, disse Pereira por telefone à DW Brasil.

No maior cemitério paulista e um dos maiores da América Latina, o Vila Formosa, os espaços cavados na terra diariamente para abrigar caixões saltaram de 50 para 100. “Não é normal”, afirma Pereira.

A imagem das covas abertas enfileiradas rodou o mundo e levantou a suspeita de que a cidade, a mais atingida pela pandemia do novo coronavírus no país, estivesse esperando um grande número de mortes em decorrência da doença respiratória causada pelo patógeno, a covid-19.

Diante da repercussão, o prefeito Bruno Covas disse que se tratava de um procedimento padrão ao fim da temporada das chuvas. Mas os agentes sepultadores, como a categoria dos coveiros pede para ser chamada, que vivem a rotina dos cemitérios, discordam.

“A média diária no Vila Formosa é 38, 40 enterros. No último domingo (05/04), foram 62”, diz João Gomes, representante do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município de São Paulo (Sindsep).

A marca superou a contagem feita no sábado, quando houve 57 enterros, e na sexta, com 52. O levantamento não é oficial, mas feito pelos próprios servidores a pedido do Sindsep.

“Para você ter uma ideia, no último domingo, os agentes fizeram enterro até as 18h45. Nosso horário de trabalho vai até as 18h, até porque não tem mais iluminação natural depois desse horário”, afirma Gomes.

Desde início de abril, ele tem visitado cemitérios da cidade para apurar denúncias sobre o aumento de enterros, longas horas de trabalho e falta de álcool em gel para os agentes sepultadores.

“Por que houve esse aumento de enterros? É covid-19? São outros cemitérios que estão fechados? Ou cemitérios particulares que não quiseram enterrar?”, questiona Gomes. “O clima entre os agentes sepultadores é de medo por causa dessa doença.”

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Até a manhã desta quarta-feira (08/04), o país registrou 667 mortes por covid-19. Dos 371 óbitos pela doença no estado de São Paulo, que registrou 67 mortes em apenas um dia, a maioria foram na capital. O estado tem 5.682 casos confirmados da covid-19., e de seus 645 municípios, 121 já registram infecções.

Um item na lista de compra da cidade chamou a atenção no Diário Oficial publicado em 3 de abril: 5 mil mantos protetores para manejo de corpos e precauções no controle de covid-19, no valor de 256,7 mil reais.

Contratação extra

O serviço funerário municipal, que já teve mais de 2.100 funcionários trabalhando nos 22 cemitérios e um crematório até 2010, hoje conta com 880 servidores. Pressionada com o cenário trazido pela pandemia, que forçou o afastamento dos agentes maiores de 60 anos, a prefeitura fez uma contratação emergencial de 220 sepultadores temporários.

Inicialmente, faltavam os devidos equipamentos de proteção individual (EPIs) que evitam a contaminação durante o trabalho pelo novo coronavírus, mas uma compra recente foi feita. Questionada pela DW Brasil, a prefeitura respondeu que o “Serviço Funerário fornece luvas, máscaras e invol, um manto protetor que embala os corpos no caixão, que evita a possibilidade de contaminação durante o traslado dos corpos”.

A recomendação é que os itens sejam usados obrigatoriamente nos enterros de vítimas de covid-19. Mas há situações em que, mesmo para caixões que chegam aos cemitérios sem a sigla D3 no documento, que indica covid-19 como causa da morte, houve a indicação do mesmo ritual de segurança.

Dúvida apóso enterro

Foi o que aconteceu no enterro de Ailton Souza, que foi servidor municipal do Cemitério da Saudade por mais de 20 anos, e morreu no dia 1º de abril. Duas semanas depois de comemorar os 61 anos ao lado do pai, a filha do servidor, Vivian Souza, tentava realizar o último desejo dele: vesti-lo com um terno para o próprio enterro. Não foi possível. Na verdade, a família mal conseguiu se despedir – embalado em sacos, o corpo de Souza foi sepultado num caixão lacrado, sem velório.

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Diabético, Souza foi internado em 22 de março com sintomas de gripe. Passou a respirar com ajuda de aparelhos menos de 24 horas depois e faleceu no Hospital do Servidor Público Municipal, em São Paulo.

A família ainda não sabe se Souza foi infectado pelo novo coronavírus. “Não teve teste. Ninguém nos deu nenhum teste”, afirmou Vivian à DW Brasil sobre o diagnóstico de covid-19. “Não nos deram nem raio-x, ou resultado de tomografia. Não assinamos nada, nem internação, nem óbito.”

O documento que foi encaminhado ao cemitério onde Souza foi enterrado chegou sem a inscrição D3. Segundo a descrição, a vítima faleceu devido à insuficiência respiratória aguda, síndrome aguda respiratória adulto, pneumonia, diabetes mellitus.

Atrás de detalhes sobre o quadro de saúde do pai, Vivian recebeu ajuda de funcionários que, em condição de anonimato, disseram que os primeiros testes feitos em Souza investigaram a presença de H1N1.

“No caso do meu pai, não temos nenhum documento em mãos provando nada sobre seu estado de saúde. Inclusive todas as notícias que tivemos foram em sigilo, dadas por profissionais do hospital em anonimato”, disse à DW Brasil. “Se tivessem feito algo com seriedade, meu pai estaria vivo.”

“Quem puder, fique em casa. Fiscalizem os procedimentos médicos, não tenham medo de incomodar, porque depois que nossos familiares [se vão], não adianta fazer nada, senão chorar”, lamenta.

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Prefeitura viraliza ao instalar placa inusitada em terreno: ‘Só joga lixo quem é corno’

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A Prefeitura de Prata, em Minas Gerais, usou o humor para combater o descarte irregular de lixo com um cartaz que viralizou: “Aqui só joga lixo quem é c0rno assumido”.

O prefeito Marcel Vieira Rodrigues da Cunha, o Xéxeu, afirmou que a estratégia já trouxe resultados, reduzindo o lixo em terrenos baldios e incentivando o uso do EcoPonto Municipal.

Segundo Xéxeu, mais de 60 terrenos cheios de lixo foram identificados e limpos pela Prefeitura.

Para evitar novos descartes, a população foi orientada a utilizar o EcoPonto, que funciona diariamente das 6h às 18h.

A placa gerou engajamento, com moradores monitorando terrenos para flagrar infratores. “A conscientização é essencial, mas o humor tem funcionado”, disse o prefeito.

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ES Mais+Gás: Espírito Santo passa a liderar mercado livre de Gás Natural no Brasil

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No mês de janeiro, 82% do Gás Natural distribuído à indústria capixaba foi adquirido no mercado livre, onde as empresas negociam diretamente com os fornecedores. Esse resultado coloca o Espírito Santo no topo do ranking nacional. Os dados são de um levantamento feito pela ES Gás, concessionária estadual responsável pela distribuição do combustível.

Esse movimento de migração das empresas capixabas para o mercado livre ganhou força no ano passado, impulsionado pelas mobilizações do Programa ES Mais+Gás. Desde o lançamento do programa, em agosto de 2024, o volume de Gás Natural negociado no mercado livre saltou de 25% em julho para 82% em janeiro de 2025, um crescimento de 58 pontos percentuais.

A ampliação do mercado livre de gás no Espírito Santo abre espaço para mais fornecedores, aumentando a concorrência e reduzindo os custos de produção para a indústria. Na ponta, esse movimento pode refletir em preços mais acessíveis para o consumidor final.

“É ou não é uma conquista que merece muito destaque? Esse caminho que estamos pavimentando no Espírito Santo favorece, e muito, a manutenção e a expansão de uma série de atividades. Competitividade e dinamismo econômico que geram oportunidades, empregos. Em pouco tempo mudanças interessantes. Redução de tributação, investimentos na rede de distribuição e abertura de mercado. Os principais agentes que atuam no setor estão trabalhando em sintonia e o trabalho conjunto, organizado, permite esses avanços bem interessantes”, destaca o vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento do Espírito Santo, Ricardo Ferraço.

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Atualmente, o Espírito Santo ocupa a liderança nacional em volume de gás natural negociado no mercado livre, com 82% do total. O percentual se destaca em comparação com os demais estados da Região Sudeste, onde Minas Gerais registra 35%, São Paulo 30% e o Rio de Janeiro 25%.

 

Mobilização

A migração das empresas capixabas para o mercado livre de gás foi viabilizada por uma série de instrumentos regulatórios.

Em 2021, a Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP) publicou uma resolução que estabeleceu um modelo padrão de contrato de uso do serviço de distribuição (CUSD), definindo, entre outros pontos, o volume mínimo diário necessário para a migração. Essa medida abriu caminho para que grandes indústrias passassem a operar no mercado livre nos anos seguintes.

Já em 2024, com o lançamento do programa ES Mais+Gás, esse movimento se intensificou com a atuação da agência na revisão e validação de contratos do mercado livre e cativo, além da habilitação de novos comercializadores, ampliando as opções de negociação para os consumidores.

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“Indiscutivelmente, abrimos o mercado de gás no Espírito Santo! Isto é um marco para o setor. Hoje, contamos com usuários com 100% do consumo de gás no mercado livre, 23 comercializadores habilitados, arcabouço regulatório estruturado, tarifas competitivas. Isso demonstra o papel primordial que a regulação estabelecida pela ARSP teve para a promoção do desenvolvimento, que, alinhada a uma série de ações junto a outros agentes, trouxe este resultado bem-sucedido”, ressalta a diretora de Gás Canalizado e Energia da ARSP, Débora Niero.

Além disso, a Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo aprovou uma nova redução nas tarifas do gás natural. Dependendo do modelo de contrato e do período, a economia para empresas consumidoras no mercado livre pode chegar a 14%. O mercado cativo, que inclui os segmentos residencial, comercial, industrial, Gás Natural Veicular (GNV), entre outros, também foi beneficiado, com redução na tarifa média de 7,49%, já válida desde 1º de fevereiro de 2025.

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