Declaração do governador capixaba dada neste sábado foi uma resposta ao decreto assinado pelo presidente Lula, que recomenda os Estados sobre o uso da força policial. Segundo ele, a recomendação do Ministério da Justiça “já está contemplado na formação dos nossos policiais e na prática dos nossos policiais.” Para Casagrande, “o que o Governo Federal poderia ter feito, talvez, fosse conversar mais com os governadores.”
O governador Renato Casagrande (PSB) afirmou, na manhã deste sábado (28/12), que o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 24 deste mês, e que estabelece diretrizes para a atuação dos agentes de segurança, com foco na eficiência nas ações, valorização dos profissionais e respeito aos direitos humanos, não muda em nada a situação das forças policiais do Espírito Santo. Em entrevista ao ‘site’ Blog do Elimar Côrtes, Casagrande assegurou que as polícias estaduais já cumprem o que recomenda o decreto, porém, lamentou o fato de o Governo Federal ter atualizado as normas, que são orginalmente de 2010, sem conversar com os governadores.
O decreto presidencial é uma atualização da normativa que define o uso da força e de instrumentos de menor potencial ofensivo pelas polícias. Entre os principais pontos, a publicação diz que a arma de fogo só poderá ser usada por profissionais da segurança pública como último recurso. Também determina que armas de fogo não poderão ser utilizadas contra pessoa desarmada que esteja em fuga; e veículo que desrespeite o bloqueio policial. Nos dois casos, o uso de arma será válido se houver risco ao profissional de segurança ou a terceiros.
“Nós já cumprimos completamente o decreto aqui no Espírito Santo. Nós já temos normas internas estabelecidas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social e pela Secretaria de Justiça – responsável pelo sistema prisional. Tudo aquilo que está colocado no decreto, que é o emprego progressivo da força, já está contemplado na formação dos nossos policiais e na prática dos nossos policiais. Nós não precisamos do decreto para cumprir aquilo que já é uma orientação nossa para dentro da polícia”, disse Casagrande, ao participar de um ‘pedalaço’, para inauguração da Ciclovia que liga a Leste-Oeste à BR-262, em São Torquato, Vila Velha.
O governador capixaba lamentou, entretanto, o fato de o Ministério da Justiça e Segurança Pública, responsável pelo decreto assinado pelo presidente Lula, ter deixado os governadores, que são os verdadeiros gestores da segurança em seus estados, de fora da discussão sobre o tema: “O que o Governo Federal poderia ter feito, talvez, fosse conversar mais com os governadores. Mas para as forças policiais do Espírito Santo não muda nada, porque nós já cumprimos completamente o que o decreto estabelece”, destacou Casagrande.
Na sexta-feira (27/12), quatro dos sete governadores que integram o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), e fazem oposição ao governo Lula, se uniram para pedir a revogação do decreto federal que estabelece limites para o uso da força policial. Em nota conjunta enviada no grupo do Cosud, à os representantes de alguns dos principais Estados do País dizem que a medida é “arbitrária” e uma tentativa “sem precedentes” de interferir na política de segurança dos entes da Federação. A nota é assinada por Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR). Os outros governadores que fazem parte do Cosud – Renato Casagrande, Eduardo Leite (PSDB-RS) e Jorginho Mello (PL-SC) – não subscreveram o documento.
A suspensão das regras, de acordo com os governadores que assinaram a nota, é “urgente”. “O decreto 12.341 publicado nesta semana pela União beneficia o crime organizado e, na prática, bloqueia a autonomia dos Estados, num claro sinal de violação da Constituição brasileira”, diz o documento.
“A medida é arbitraria e uma tentativa, sem precedentes, de interferir na política de segurança dos Estados”, afirmam os governadores, em outro trecho. Segundo eles, as novas normas punem os policiais que arriscam a vida diariamente no combate ao crime. Eles afirmam que a segurança das famílias brasileiras está garantida com investimento e endurencimento das leis e não como “decretos evasivos” para limitar o poder das polícias. E prosseguem: “A segurança das famílias brasileiras não será garantida com decretos evasivos que limitam o poder das polícias, mas sim com investimento coordenado e o endurecimento das leis.”
O decreto foi assinado pelo presidente Luiz e publicado no Diário Oficial da União na última terça. O texto afirma que cabe ao Ministério da Justiça e Segurança Pública “formular, implementar, monitorar e avaliar ações relacionadas ao uso da força que incluam diagnósticos, padronização de procedimentos, doutrina, capacitação e aquisições de equipamentos, entre outros aspectos para todas as forças de segurança do País”.
O documento aborda temas como regulação do uso de instrumentos de menor potencial ofensivo, afirmando que uso de arma de fogo deve ser o “último recurso e restrito aos profissionais habilitados para sua utilização”. O decreto determina ainda que armas de fogo não poderão ser utilizadas contra pessoas desarmadas que estão em fuga ou veículos que desrespeitem o bloqueio policial. Em ambos os casos o uso só é válido se houver risco ao policial ou a terceiros. Outro ponto do texto ressalta a necessidade de planejamento em operações para “prevenir ou minimizar o uso de força” e para “mitigar a gravidade de qualquer dano direto ou indireto que possa ser causado a quaisquer pessoas”.
FONTE: elimarcortes.com.br