Um deputado federal, um prefeito e um senador são os três cotados, até o momento, para a vaga. Disputa deverá ser acirrada
O governo do Estado iniciou 2025 colocando em prática o “plano A” para as eleições majoritárias do ano que vem. O grupo, que conta hoje com uma frente ampla de partidos – da esquerda à direita – vai ter chapa completa, ou seja, vai ter candidato para todos os cargos.
Em 2026, no Estado, estarão em jogo 30 cadeiras na Assembleia Legislativa, 10 na Câmara Federal, duas no Senado e duas para o comando do Palácio Anchieta – governador e vice.
A prioridade do grupo é viabilizar o nome do vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), para ser o candidato ao governo. E o nome do governador Renato Casagrande (PSB), para a disputa por uma vaga ao Senado – o que é público e já foi diversas vezes noticiado pela coluna.
Mas, com quem ficaria a segunda vaga do Senado no grupo do governo?
A coluna De Olho no Poder apurou que, até o momento, pelo menos três nomes são cotados e já estariam se articulando para fazer uma dobradinha com Casagrande no ano que vem – por óbvio, se o “plano A” vingar, uma vez que Casagrande já cogitou a possibilidade de terminar seu mandato e não disputar nada.
A decisão sobre a segunda vaga não será tomada agora – até para não afugentar os partidos aliados com interesse no posto – mas tudo leva a crer que não será uma decisão fácil e que a disputa para concorrer deverá ser acirradíssima.
Deputado Josias da Vitória (PP)
Da Vitória é presidente estadual do PP-ES
Presidente do poderoso PP no Estado, o deputado federal Josias da Vitória, é um dos nomes cotados para a segunda vaga do Senado no grupo de Casagrande. A cotação foi confirmada por interlocutores do Palácio Anchieta e pelo próprio deputado:
“É uma vontade do governador e de vários do grupo. Estamos em diálogo neste sentido”, disse o deputado federal que tem se aproximado mais do governo do Estado, após uma temporada de desencontros e parcerias com adversários políticos do Palácio Anchieta.
No mês passado, Da Vitória selou a aliança com o governador ao indicar um nome ao secretariado. O presidente partidário pediu a mudança no comando da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), que até então era comandada por Marcus Vicente, ex-presidente do PP-ES. Da Vitória indicou Marcos Aurélio – que era o subsecretário na mesma pasta – para o lugar.
A partir de então, o próprio governador começou a citar o nome de Da Vitória para sua sucessão, ao lado dos prefeitos Arnaldinho Borgo (Vila Velha) e Euclério Sampaio (Cariacica) e do ex-prefeito Sergio Vidigal (Serra) – caso o “plano A”, que é Ricardo, não vingue.
Fez parte do acordo, para ter o PP na base agora e na aliança para 2026, considerar Da Vitória e o PP como protagonistas na próxima eleição. E protagonista, leia-se, é ser postulante a um cargo majoritário (governo ou Senado).
Em 2022, Da Vitória abriu mão de ser candidato ao Senado porque o grupo do governador, do qual ele já fazia parte, decidiu apoiar a reeleição de Rose de Freitas (MDB). Porém, agora, ele não se mostra disposto a recuar: se não for candidato ao governo, vai pleitear a segunda vaga de Senado, ao lado de Casagrande.
Algo que vai precisar acertar, internamente, é a situação do deputado federal Evair de Melo (PP), que faz oposição a Casagrande e que também quer disputar o Senado. Evair, inclusive, conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a empreitada.
Prefeito Enivaldo dos Anjos (PSB)
Enivaldo dos Anjos (foto: César Inácio Nunes)
O prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos (PSB), também tem colocado o nome à disposição para disputar a segunda vaga de Senado no grupo do governo do Estado.
Reeleito no ano passado para o comando do município do Noroeste capixaba, Enivaldo já tem preparado seu vice, Wanderson Melgaço (PSB), para assumir, caso deixe a prefeitura para a disputa.
Ele também já tem feito ações práticas para capitalizar apoio para o projeto do governo. Enivaldo está mobilizando os prefeitos do Norte do Estado para apoiarem, desde já, a pré-candidatura de Ricardo ao governo e de Casagrande ao Senado. Nos próximos dias, ele deve liderar uma reunião com os gestores da região nesse sentido. Mais de 30 prefeitos são esperados.
Segundo Enivaldo, o entendimento dos prefeitos “é de que não deve haver modificação na política do Estado em razão, não apenas dos bons mandatos do governador Renato Casagrande, mas também da situação de tranquilidade do Estado”.
Em outra frente, na Assembleia, seu sobrinho, o deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), tem feito críticas à gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) na Capital. Num dos discursos da tribuna da Ales levou dados e criticou a segurança pública de Vitória. Pazolini também é cotado para disputar o governo do Estado.
Uma questão, porém, que pode ser colocada como impedimento é o fato de Enivaldo ser da mesma legenda do governador e, com uma frente ampla com tantos partidos de diversas vertentes, é bastante difícil que o PSB concorra pelas duas vagas do Senado.
Questionado se pretende trocar de partido para concorrer, Enivaldo disse que não, a não ser por uma situação: “Só se o partido não me der vaga”, disse o prefeito.
Senador Fabiano Contarato (PT)
Senador Fabiano Contarato (Foto: Divulgação)
Embora seja forte a possibilidade do PT ter palanque próprio no Estado – até mesmo para fortalecer uma eventual candidatura à reeleição do presidente Lula – com chapa completa, o partido também considera a possibilidade de estar no grupo do governo e selar uma dobradinha com Casagrande ao Senado.
O senador Fabiano Contarato é pré-candidato à reeleição e sua candidatura é prioridade do PT capixaba e também nacional, segundo a presidente do PT-ES, deputada Jackeline Rocha.
“A construção do palanque será nacionalizada, mas a gente tem uma prioridade que é a reeleição de Contarato e a ampliação das bancadas federais e estaduais. Estamos conversando ainda sobre quais serão esses caminhos, porque a gente sabe que vai ter muita influência da construção nacional”, avaliou Jack.
No cenário nacional e também em solo capixaba, PT e PSB caminham juntos. Em 2022, num arranjo que envolveu costuras em diversos estados, o PT retirou a pré-candidatura ao governo (Contarato disputaria) para apoiar Casagrande. Em outros estados, o PSB retirou o nome em favor do PT.
Jackeline disse que o PT entende que no Espírito Santo e em Pernambuco o PSB é forte e tem prioridade, mas também disse que os petistas têm nomes a apresentar e que se Lula precisar de um palanque no Estado, o PT terá candidato a governador – o que faria com que o partido não caminhasse com o grupo do governo, pelo menos no 1º turno.
Mas, se as conversas conduzirem para a formação de uma frente de apoio a Casagrande, com a participação do PT, Jackeline vai pleitear que a reeleição de Contarato seja tratada com prioridade.
É claro que a “prioridade” citada aqui refere-se a um posicionamento diferente do assumido pelo grupo do governo em 2022, quando Casagrande “apagou” Lula da campanha, embora o PSB formasse chapa com Lula, elegendo o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
Casagrande tentou, ao máximo, fugir de uma campanha nacionalizada. Não pediu votos a Lula. No ano que vem, dificilmente os petistas irão aceitar fazer parte da aliança se a candidatura de Contarato ficar “escondida” e não entrar na mesa das negociações.
Procurado pela coluna, Contarato admitiu que irá disputar, mas desconversou sobre as tratativas: “Irei disputar a reeleição, mas ainda não começaram as conversas e as tratativas do partido sobre as eleições 2026”.
Cotado para ser o herdeiro político da família, filho do ex-prefeito da Serra coloca o nome pra jogo rumo às eleições de 2026
O oftalmologista Serginho Vidigal (PDT) – filho do ex-prefeito da Serra e secretário estadual de Desenvolvimento, Sergio Vidigal (PDT), e da ex-deputada Sueli Vidigal (PDT) – colocou o nome pra jogo na disputa por uma vaga à Câmara dos Deputados, no ano que vem.
“Acho que a Serra tem um papel fundamental no desenvolvimento do nosso Estado e precisa ter representatividade na Câmara Federal também. Meu nome está à disposição para debater essa missão”, disse o filho caçula de Vidigal.
Serginho, como é mais conhecido, tem 37 anos e nunca disputou cargo público. Aliás, até o ano passado, pouco era visto no cenário político. Postura essa que mudou durante a pré-campanha de Weverson Meireles (PDT) a prefeito da Serra.
Ao contrário do irmão, Eduardo Vidigal, que chegou a deixar a presidência do PDT por não concordar com a candidatura de Weverson, Serginho apoiou o agora prefeito desde o início, participando do lançamento do nome, da campanha, da festa da vitória e até de eventos oficiais do novo governo.
A proximidade é tanta que Serginho chegou até a ter o nome ventilado como possível secretário da gestão de Weverson, o que não se confirmou até o momento.
Contudo, o que parece se confirmar agora é que tamanha visibilidade pode ter um propósito: tornar Serginho o herdeiro político da família Vidigal.
Prefeito Weverson Meireles e Serginho Vidigal (foto: Instagram)
Dificuldade na montagem da chapa
O desafio que será para o PDT montar chapa de federal, caso não vingue o projeto de se federar com o PSB. Os dois partidos negociam e devem chegar a uma conclusão até julho.
Dois puxadores de votos do partido em 2022 – Sueli Vidigal e Philipe Lemos, que juntos tiveram 103.511 votos, mas não conseguiram vaga – não devem disputar no ano que vem, o que aumenta a pressão em cima do dirigente partidário para a busca de nomes competitivos para a chapa.
Tanto que já é cogitado no mercado político que, em último caso, o ex-prefeito Vidigal vá para o “sacrifício”, num esforço de evitar que o partido repita o desempenho ruim que teve em 2022, quando não conseguiu eleger um único deputado.
Hoje, o nome de Vidigal é cotado para a disputa majoritária: seja à sucessão do governador Renato Casagrande (PSB), a compor como vice numa chapa ou, ainda, ser o segundo nome do grupo na vaga de Senado.
“Nós queremos e precisamos estar na mesa de diálogo da majoritária, queremos estar no processo. É o desejo de todo partido. Para isso, precisamos fazer o dever de casa e estar estruturado em todo o Estado”, disse o presidente estadual do PDT, Alessandro Comper.
Transferência de votos é dada como certa, mas…
O próprio Comper, em entrevista à coluna, chegou a citar o nome de Serginho como uma alternativa na chapa de federal. “Quem está começando a fazer um movimento é o Serginho, como soldado do partido. Existe uma possibilidade dele disputar a Câmara Federal? Sim, ou o que for mais viável”.
Com o nome do filho na disputa a federal, Vidigal poderá ficar mais tranquilo para se articular na disputa majoritária, até porque a transferência de votos de pai para filho é dada como certa.
O “case Weverson” mostrou isso. Quando teve sua pré-candidatura lançada, Weverson pontuava 1% nas pesquisas de intenção de votos. O eleitor serrano desconhecia quem era o jovem candidato a prefeito e Vidigal precisou gastar muita sola de sapato para apresentar e pedir voto para seu sucessor.
O esforço, porém, não foi em vão. Weverson passou para o 2º turno do pleito em primeiro lugar e depois venceu a eleição para prefeito da Serra contra o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos).
O que pode implicar é que se Vidigal, no ano que vem, pedir voto apenas para o filho, pode arranjar problema com o restante da chapa – de quem também dependerá se estiver na disputa majoritária.
O PDT vai precisar equilibrar as relações familiares e partidárias para que a situação do partido, que já é difícil, não se agrave por ciúme ou por denúncia de concorrência desleal.
Segundo o presidente da Assembleia Legislativa, serão abertas 35 vagas, sendo 20 para cargos de nível superior
Ainda neste mês de maio o edital do concurso público da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) deverá ser divulgado, conforme anunciou o presidente Marcelo Santos (União). O processo seletivo abrirá 35 vagas, sendo 20 para cargos de nível superior.
Haverá oferta de 15 vagas para Consultor Legislativo, com remuneração inicial de R$ 9.360,43. Cabe aos consultores exercerem atividades como a elaboração de pareceres para as mais diversas áreas do Parlamento e todo o suporte técnico em várias áreas específicas e necessárias ao desenvolvimento do trabalho legislativo.
Também haverá oferta de cinco vagas para Analista Legislativo, cujo salário inicial é de R$ 4.621,48. Nesse cargo, os servidores são responsáveis pelo planejamento e execução de atividades na área administrativa e/ou legislativa, contribuindo para a realização das funções dos setores aos quais estão vinculados. Ambos os cargos (Consultor Legislativo e Analista Legislativo) são de nível superior.
Além disso, serão abertas 15 vagas para o cargo Agente da Polícia Legislativa, com salário inicial de R$ 3.142,65. Esses servidores cuidam da segurança da sede da Ales, incluindo a recepção e a entrada e saída da população no Palácio Domingos Martins. Todos os valores citados são referentes a maio de 2025.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Santos (União), avalia que o concurso vai gerar um grande número de candidatos, por conta da remuneração e benefícios pagos pelo parlamento capixaba. “A Assembleia é um Poder que paga relativamente bem. Além do salário, também tem os benefícios”, afirmou o parlamentar.
Benefícios
Os novos contratados terão direito a benefícios como auxílio-alimentação (R$ 1.949,45); auxílio-saúde (de R$ 312,12 até R$ 1.864,95, de acordo com a faixa etária dos servidores) e auxílio-creche (R$ 500,00 para cada filho de até 6 anos de idade, regularmente matriculado em creches ou pré-escolas). Também há possibilidade de progressão de carreira ao longo dos anos para os servidores, o que vai elevando a remuneração.
“Queremos que as pessoas se preparem, porque é um concurso que vai atrair muita gente e nós queremos um pessoal qualificado para auxiliar a Assembleia a promover ações importantes e entregar muito mais para a sociedade”, afirmou Marcelo Santos.
Sobre as datas, o presidente afirmou que tudo ocorrerá brevemente. “Nós estamos aguardando – para que a gente possa publicar o edital do concurso – as respostas das empresas que vão aplicar as provas”. O parlamentar também explicou que a intenção é descentralizar a aplicação das provas. “Nós não vamos fazer unicamente aqui na Grande Vitória. Nós teremos um polo no norte, outro no sul e na Grande Vitória”, garantiu Marcelo.
O último concurso realizado pela Assembleia Legislativa foi em 2011 e as nomeações dos aprovados ocorreram a partir de abril de 2012.