Mundial de Clubes de 2025 faz a Fifa entrar em rota de colisão com as principais ligas da Europa e com o Sindicato Internacional de Jogadores (Fifpro)
A criação do novo Mundial de Clubes, que será disputado no meio do ano de 2025, fez a Fifa entrar em rota de colisão com as principais ligas da Europa e com o Sindicato Internacional de Jogadores (Fifpro).
Em reunião nesta segunda-feira (15), em Bruxelas, na Bélgica, ocorreu um contragolpe forte contra o “abuso de poder” da entidade na luta contra o inchaço cada vez maior do calendário. Uma greve geral já é discutida, com foco nas condições físicas e mentais e do desgaste dos jogadores.
A bronca maior vem com a criação do Mundial de Clubes com 32 equipes a partir de 2025, assim como o maior número de rodadas da Liga dos Campeões e a ampliação da Liga das Nações de seleções — a Copa do Mundo já aumentará de 32 seleções para 48 a partir de 2026.
“Nossa queixa para a Comissão Europeia é clara: a Fifa está abusando de seu poder de ditar o calendário de jogos internacionais e expandir suas próprias competições. E, assim, aumentar suas próprias receitas”, disparou o presidente do Fifpro, David Terrier, na abertura da coletiva de imprensa desta segunda-feira após as ligas concordarem, por unanimidade, que o calendário imposto é humanamente impossível de ser respeitado.
Jogadores iniciaram a reclamação dias atrás e o movimento cresceu ma ponto de ameaçarem cruzar as pernas enquanto a entidade não voltar atrás nas decisões.
“O calendário internacional de futebol saturado coloca em risco a segurança e o bem-estar dos jogadores e ameaça a sustentabilidade econômica e social de importantes competições nacionais que são apreciadas há gerações pelos torcedores na Europa e em todo o mundo”, protestou a Fifpro e as Ligas Europeias.
QUEIXA APRESENTADA NA COMISSÃO EUROPEIA
A queixa foi apresentada nesta segunda-feira na Comissão Europeia contra a Fifa sobre “sua conduta em relação à imposição do calendário internacional de partidas, incluindo decisões relacionadas à Copa do Mundo de Clubes de 2025.”
Na cobrança, pedem revisão no calendário contra um “futebol insustentável” e citam que a Fifa pense nos jogadores, em relação a “sua saúde, bem-estar e longevidade de carreira.”
Executivos do Fifpro e das Ligas europeia apresentaram os detalhes da reclamação descrevendo como a Fifa mantém papéis conflitantes como órgão regulador e organizador de competições, o que dá origem a um conflito de interesses.
“A Fifa usou seu poder regulatório para promover seus interesses comerciais às custas dos parceiros sociais (jogadores e ligas). Está chegando a um ponto crítico. O feedback que temos dos jogadores é que há muito futebol sendo jogado e há uma expansão constante. A Premier League não mudou de forma. O que mudou nas últimas décadas foi a marcha das competições internacionais e regionais de futebol”, disparou o CEO da Premier League, Richard Masters.
“O problema do calendário sobrecarregado não é causado pelas competições da liga, mas pela Fifa, com seu novo formato e duração dos torneios, e pela Uefa com a Liga das Nações e as novas competições de clubes da Uefa com o aumento do número de datas e jogos”, reclamou o CETO da Liga Italiana, Luigi De Siervo, CEO da Liga Italiana.