A realidade da pandemia na Europa assusta o presidente da Fifa. Ele não tem pressa. Ao contrário da Conmebol que deseja retorno em 6 de maio
“Vejo alguns que pensam que se pode jogar em algumas semanas. Não. Não devemos arriscar. Saúde em primeiro lugar. Depois vamos jogar, retomar os campeonatos, concluir o que faltou.”
“Mas um jogo de futebol não vale a vida de uma pessoa.”
“Não é justo com os que sofrem nesse momento.”
“Temos que reconhecer que, para nós apaixonados por futebol, o futebol não é a prioridade número um.”
“É triste, mas é a realidade.”
Gianni Infantino, ontem…
“Vamos seguir avaliando a evolução do vírus e como isso transcorre durante o tempo. Mas entendemos também que, pelas previsões em um cenário ideal, a situação vai estar sob controle no mês de maio.”
“Então, nós vemos isso como uma possibilidade de reiniciar a Libertadores no dia 6 de maio.”
Alejandro Domínguez, há seis dias.
A postura do presidente da Fifa nunca foi tão firme. O comandante da entidade, encravada na Suíça, coração da Europa, acompanha diariamente o terror que o coronavírus espalhou pelo continente.
Sua nacionalidade é ítala/suíça.
O vírus, que infectou 1,5 milhão de pessoas no mundo, com 70 mil mortes. Mais de 50 mil foram na Europa.
Na América do Sul, até agora, são cerca de 1.300 vítimas fatais.
São quatro bilhões de pessoas em isolamento.
Os clubes estão desesperados com a paralisação pela pandemia.
A perda de dinheiro é tão imensa quanto inesperada.
O poder de pressão sobre a Conmebol é muito maior.
Pela mortalidade muito menor, apesar de infectologistas concordarem que a possibilidade de a pandemia crescer é imensa, deste lado do mundo.
Como foi com a Europa.
Por isso, tantos leitos de hospitais sendo improvisados às pressas, em estádios e ginásios.
O Brasil, país de mais casos no continente sul-americano, chegou à terrível marca de 800 mortes e 16 mil infectados ontem. A Argentina tem 1.700 infectatos e 60 vítimas fatais. O Uruguai, 424 casos, sete mortes.
Paraguai, país de Domínguez, 119 casos, cinco mortes.
A América do Sul não chega a 25 mil infectados.
Mas o que prevalecerá para a Fifa, na volta do futebol, será o decorrer da pandemia na Europa, continente que especialistas garantem estar vivendo seu ‘pico’ de números de infectados.
A cidade de Wuhan, na China, apontada como o primeiro foco da pandemia, comemorou ontem o final do confinamento.
Durou 76 dias.
O futebol no Brasil foi paralisado no dia 20 de março.
Há exatos 20 dias.
A Uefa paralisou a Champions no dia 13 de março.
Há 27 dias.
A Conmebol parou a Libertadores no dia 12 de março.
Há 28 dias.
Eurocopa, Copa América e Olimpíada, adiadas para 2021.
As autoridades ainda não fazem previsão sobre o final do confinamento.
Há inúmeras discussões sobre remédios, prevenções.
Infantino deixou bem claro.
A volta do futebol, só com total segurança.
A ideia de Domínguez de apressar o retorno, com portões fechados, tem oposição de sindicatos de jogadores, e de infectologistas, pela exposição dos atletas.
Quando Infantino fala que não há possibilidade de volta nas próximas semanas, o sonho de retorno do futebol, pela imprensa europeia, deve acontecer, com otimismo, no final de maio.
Ou até junho.
Os grandes clubes brasileiros deram férias até o dia 20 de abril.
O sonho é dez dias de intertemporada.
E volta aos campos no domingo, dia 3 de maio.
Daqui 24 dias.
Infectologistas não respaldam esse desejo.
Infantino foi claro na sua postura ontem.
Ao contrário de Domínguez.
Não colocará vidas em risco.
Nem se for apenas dos jogadores.
Chance quase zero de Libertadores no dia 6 de maio.
Até porque, além da pandemia, há as fronteiras fechadas de todos os países envolvidos na competição na América do Sul.
Por isso, clubes e televisões que se preparem.
A indefinição da volta do futebol prevalece.
A Fifa descobriu que a vida merece respeito.
Diante dessa postura firme, a Conmebol quer uma compensação.
Respeitando a sua tradição dinheirista, quer ajuda financeira às federações de futebol da América do Sul.
A bilionária CBF espera sua parte…