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São Mateus

Vereadores querem desarquivar a CPI da Viação São Gabriel

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Por Paulo Roberto Borges*

São Mateus – Até quando os usuários dos ônibus da empresa que detém a concessão do transporte coletivo urbano da cidade de São Mateus, terão que conviver com veículos sucateados, que não cumprem horário, que tem passagens caras, que quebra no meio da viagem, que metade da sua frota é envelhecida com mais de 10 anos de uso, que “manda e desmanda” no seu serviço de qualidade duvidosa sem qualquer temor de perder o contrato de concessão e de quem deveria fiscalizar o seu cumprimento?

A todas essas perguntas, as respostas deveriam ser dadas pela a Comissão Parlamentar de Inquérito da Viação São Gabriel, que foi instalada ano passado e, ao final, o que sobrou foram perguntas sem respostas, sem relatório. Em resumo, a CPI acabou em pizza. Foi o cardápio servido à população mateense que depende do transporte público e esperava a solução para sua demanda.

Agora, com a nova legislatura do Poder Legislativo, a CPI poderá ressurgir das cinzas pela vontade da maioria unânime dos vereadores. A vereadora Isamara da Farmácia (União Brasil), que foi sua presidente e foi “derrotada” quando quis ver a elaboração do relatório e nada foi apresentado pelo relator, com justificativas pouco convincentes. Por isso ela fez um relatório paralelo, que acabou sequer votado e acabou indo para o arquivo.

Os serviços oferecidos pela empresa continuam precários e as reclamações se multiplicam. Com a nova gestão municipal acendeu uma luz no final do túnel, mas isso não dá nenhuma garantia de que algo efetivo possa vir a mudar essa realidade. Diante de tanta desfaçatez da empresa e da conivência e omissão de várias administrações do município, a população já perdeu a esperança. Por isso, e com razão, levanta suspeição da relação incestuosa da Viação São Gabriel com alguns políticos de legislaturas passadas e também de governantes. Na campanha, a empresa dava “aquela força” aos postulantes aos cargos que têm relação com a manutenção do contrato, quando de sua época de renovação. Irrigava essas campanhas.

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Eu fui presidente da Comissão Tarifária da época em que Dr. Pedro foi prefeito de São Mateus. Eu o representava. Faziam parte da comissão um secretário, representantes do Legislativo e de associações de moradores. Quando a empresa queria aumentar o preço das passagens a pressão era intensa e nós não arredávamos pé sem que houvesse justificativa, planilhas das despesas etc. Juntamente com o meu secretário, o Paulo Geovani, não nos dobrávamos. A pressão sobre nós vinha da Câmara. O prefeito era pressionado e um certo presidente chegou a dizer que “Paulo está atrapalhando”. Aproveitei para registrar essa historinha para ilustrar o que acontecia, além da nossa determinação de não compactuar com os desmandos e interesses de outros nessa contenda.

Depois que deixamos a comissão e o prefeito já não era mais o saudoso Dr. Pedro, não sei o que acontecia. Mas, haviam relatos de que malas ou envelopes supostamente saíam para as campanhas políticas; surgiu até a conversa atravessada que motorista da Prefeitura ia até a garagem buscar a baba preciosa… Essas coisas não se conseguem afirmar ou provar, até porque não há interesse em contrariar os “poderosos” beneficiários.

Hoje temos uma empresa que aí está, não cumprindo a maioria das cláusulas contratuais. Mesmo assim nenhuma punição foi feita. Por isso, a população tem o direito sagrado de supor que há omissão e conivência.

Relatos de usuários – Ouvindo um casal que aguardava sua condução, fiquei sabendo que um ônibus cuja passagem era R$ 5, quebrou e os passageiros tiveram que embarcar em outro de passagem com valor de R$ 4,50. Mas, não devolveram os R$ 0,50 aos passageiros.

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Outra situação é quando um ônibus está atrasado e corta caminho se não houver passageiro, não indo até o final da linha.

Mais um caso que aconteceu com outro usuário. Ele embarcou no ponto final em um coletivo que ia para Guriri. O usuário queria ir para o centro, mas o motorista disse que não levaria quem fosse para o centro porque estava atrasado.

Em Vitória os ônibus são novos, limpos, têm ar condiciona e o preço da passagem é de R$ 4,90. Antes era de R$ 4,70. Mesmo os ônibus do Transcol. Domingo, em Vitória, o preço é reduzido.

Em Linhares, a Viação Joana D’Arc mantem ônibus limos, novos e são circulares, coisa que não existe em São Mateus.

Muito se fala em cancelar o contrato e abrir licitação para participar e habilitar novas empresas com a finalidade de explorarem a concessão municipal do transporte coletivo urbano de São Mateus. Detalhe: quem desrespeitou o contrato sistematicamente, não poderia participar de uma nova licitação. Isso nos parece ponto pacífico, básico, óbvio.

Todos nós sabemos que mexer com empresas de transportes é complicado. No Rio de Janeiro havia uma máfia do transporte urbano da capital. Não é o caso de São Mateus, mas aqui é complicado regular o transporte, diante de uma empresa que está há 30 anos ou mais nesse setor da economia e prestação de serviço na cidade.

De qualquer maneira, é preciso uma ação séria, independente, honesta para resolver essa questão junto a Viação São Gabriel. O que não pode é o usuário ser penalizado por tantos anos e continuar sendo desrespeitado diariamente.

Solução há, mesmo com a atual empresa continuando sendo titular da concessão.

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* O autor é jornalista, professor, cientista político e usuário da Viação São Gabriel quando está em São Mateus.

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Prefeitura de São Mateus realiza ação de limpeza em Guriri com o “Projeto Praia Limpa”

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A Prefeitura Municipal de São Mateus, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, realizará neste sábado, 15 de março de 2025, a parti das 08h na passarela 03 Sul – areia da praia, a iniciativa de limpeza de praias através do Projeto Praia Limpa – A Força da Coletividade. A ação contará com a utilização da ecopeneira, um instrumento eficiente que retém o lixo, permitindo a passagem da areia, contribuindo para a conservação ambiental.
O prefeito Marcus Batista destacou que , “O Projeto Praia Limpa é importante porque ajuda a conscientizar as pessoas sobre a necessidade de preservar o meio ambiente e a vida marinha.”

Objetivos do Projeto, fortalecer iniciativas de conservação do espaço costeiro e marinho, promover debates sobre o uso indiscriminado de plástico e o descarte correto de resíduos, estimular a educação ambiental e a alfabetização oceânica.

Guriri é um bairro do município de São Mateus, no Espírito Santo. Cercado por água por todos os lados, trata-se de uma ilha, ainda que tenha se formado artificialmente. O balneário se destaca tanto pela beleza natural quanto pela infraestrutura, sendo um dos destinos mais procurados por turistas de diversos estados brasileiros. Suas águas, ligeiramente mais quentes em comparação ao litoral sul capixaba, atraem banhistas e mergulhadores.

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O Projeto Praia Limpa desempenha um papel essencial na preservação ambiental, garantindo uma praia mais limpa e saudável para as espécies marinhas e para a comunidade local.

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São Mateus

Documentário “Ditadura de Papel”: Cultura e História em São Mateus

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A série documental “Ditadura de Papel”, premiada pelo Edital Doc-TV da Lei Paulo Gustavo, via Secult/ES para 2024, surge como uma poderosa iniciativa de denúncia e responsabilização de governos ditatoriais e das empresas de celulose e papel pelas violações de direitos cometidas contra grupos indígenas e quilombolas durante a Ditadura de 1964. Criada e dirigida por Cíntia Braga, com produção da Satírica Filmes e Produções LTDA, a série é composta por sete episódios de 26 minutos cada, e busca lançar luz sobre as lutas dessas comunidades que tiveram seus modos de vida tradicionais ameaçados pela ideologia do desenvolvimentismo e pela exploração desenfreada dos recursos naturais.

 

PROBLEMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS

O projeto documental é uma janela vital para a publicização de sérios problemas ambientais causados por empresas como a Aracruz Celulose, conhecida atualmente como Suzano. A série aborda temas urgentes e contemporâneos, trazendo à tona debates sobre o aumento do desmatamento, o crescimento do monocultivo, a expansão dos latifúndios, o uso indiscriminado de agrotóxicos e a crise climática. Ao longo dos episódios, são destacadas as histórias dramáticas de grupos tradicionais como quilombolas e indígenas, que sofreram com a aquisição ilegal de terras durante a Ditadura Militar, especialmente nas décadas de 70 e 80.

 

A série apresenta duas forças políticas antagônicas: de um lado, a ditadura militar e empresarial, que não se resume apenas aos militares, mas também à ditadura do capital e dos empresários; do outro, os outsiders, aqueles que foram afetados pela ditadura. No norte do Espírito Santo e sul da Bahia, essa dinâmica se concretizou através da “Ditadura do Eucalipto”, uma monocultura que dominou a região, aqui chamada de “Ditadura de Papel”. A implantação de um parque industrial paraquímico pela Aracruz Celulose gerou impactos socioambientais devastadores, como o esbulho de terras, assédios, homicídios e contaminação ambiental.

 

 
 

ESTRUTURA DOS EPISÓDIOS

Os episódios são estruturados de forma a explorar esses eventos dramáticos. O primeiro episódio, “O Papel da Ditadura”, introduz o tema central da série. Os episódios seguintes, como “O Produto Aracruz” e “Guaranis e Tupiniquins: territórios ancestrais com firma reconhecida”, aprofundam-se na história e resistência dos povos indígenas e quilombolas. O episódio sobre os Quilombolas, “aqui o eucalipto é regado à sangue”, destaca a luta pela terra e preservação cultural.

 

 

VOZES DAS COMUNIDADES, ATIVISMO E DIREITOS HUMANOS

Entrevistas com personagens dos territórios quilombolas e indígenas, como São Mateus e Conceição da Barra, são parte essencial do projeto. Os entrevistados compartilham suas experiências de vida antes e depois da chegada da Aracruz Celulose, revelando processos de expulsão e formas de resistência que perduram até hoje. O projeto adota uma estética híbrida, combinando entrevistas, imersão, visitas a locais de memória, imagens de arquivo e cartografia animada, oferecendo uma narrativa participativa e abrangente.

 

Na série, os quilombolas e indígenas não apenas denunciam as atrocidades sofridas, mas também participam ativamente na construção discursiva da narrativa, rememorando e dando seu testemunho. O projeto busca dar corpo e voz à ditadura militar e empresarial, destacando a atuação do executivo estadual na aquisição ilegal de terras, enquanto defende o direito à memória e à verdade, aspectos fundamentais e constitucionais.

 

 
 

CONEXÃO COM A HISTÓRIA

Ao incluir o histórico Porto de São Mateus, local emblemático do tráfico de escravizados, a série conecta o passado e o presente, ressaltando a continuidade da luta dos descendentes dos escravizados nas Comunidades Quilombolas pela preservação de seus territórios e modos de vida tradicionais. “Ditadura de Papel” é, portanto, uma obra de militância e ativismo pelos Direitos Humanos, comprometida em dar visibilidade às causas dos povos indígenas e quilombolas, refletindo sobre o impacto do passado nas lutas contemporâneas.

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