Um passo histórico que contribui efetivamente para a consolidação da agenda ambiental e climática da capital capixaba. Em cerimônia realizada no Palácio Municipal, nesta quarta-feira (22), foi assinado o contrato que marca o início da elaboração de projetos e programas voltados ao fortalecimento da Governança Climática de Vitória.
Firmado junto a empresa I Care Estratégia Ambiental Ltda., selecionada após ampla concorrência internacional e financiado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o contrato tem valor de R$ 1.593.841,46. A iniciativa é coordenada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) e pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, com apoio técnico do cientista Carlos Nobre, uma das maiores autoridades mundiais em clima e sustentabilidade.

Vitória no centro da agenda climática
A parceria consolida um trabalho que começou em 2022, quando Vitória iniciou as primeiras etapas de estruturação de sua governança climática. Agora, a cidade avança para o ciclo definitivo: a elaboração de estudos, planos e instrumentos de gestão que irão orientar, de forma científica e integrada, as ações municipais de mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima.
Entre os principais produtos contratados estão:
1. Inventário de Gases de Efeito Estufa, com prazo de 7 meses e valor de R$ 374.552,75.
2. Estudo de Vulnerabilidades e Riscos Climáticos, com prazo de 8 meses e valor de R$ 374.552,75.
3. Fórum de Mudanças Climáticas, com prazo de 12 meses e valor de R$ 314.783,70.
4. Plano de Adaptação a Eventos Climáticos Extremos, com prazo de 15 meses e valor de R$490.106,26.
Cada uma das etapas foi definida para formar uma base sólida de governança climática, com metas, prazos e indicadores, colocando Vitória entre as capitais mais preparadas do Brasil para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.
Equilíbrio ambiental
Durante o evento, o prefeito Lorenzo Pazolini destacou que a governança climática é uma das marcas da atual gestão, que alia equilíbrio fiscal, planejamento urbano e sustentabilidade. “Vitória passa a ter uma política intersetorial, envolvendo todas as secretarias, a sociedade civil e os poderes constituídos. A partir desse contrato, vamos compilar dados, sistematizar informações e elaborar um plano baseado em evidências científicas. Isso garante decisões assertivas, que se traduzem em mais qualidade de vida e equilíbrio ambiental”, afirmou.
Pazolini ressaltou ainda que é a primeira gestão da capital a atravessar quatro anos sem registro de mortes ou desastres geológicos, resultado direto das obras e ações de prevenção realizadas desde 2021.”Passamos quatro anos sem perder nenhuma vida em desabamentos ou desastres naturais. Esse é um resultado histórico, que agora será ampliado com uma política pública permanente e estruturada”, completou Pazolini.
O coordenador-geral da Defesa Civil, Tarcísio Föeger, destacou que o contrato permitirá transformar em política de Estado um trabalho que já vem sendo realizado de forma exemplar “Vitória já vem desenvolvendo, desde 2021, um conjunto de políticas públicas que visam adaptar a cidade à nova realidade climática. Agora, com o inventário dos gases e o plano de adaptação, estamos consolidando essa governança e ampliando a resiliência da capital”.

Tarcísio lembrou que as obras de contenção de encostas foram uma das primeiras medidas estruturantes da gestão. “Desde 2021, realizamos mais de 90 obras de contenção de encostas. O resultado é que, nas últimas chuvas fortes, não tivemos nenhum caso de deslizamento, mesmo em uma cidade com 258 áreas de risco. Esses estudos agora vêm potencializar essa governança e orientar políticas ainda mais eficazes”, completou.

Transparência e integração
O secretário de Meio Ambiente, Alexandre Ramalho, ressaltou que o processo de contratação foi conduzido com transparência e rigor técnico, características da gestão Pazolini.
“Foi um processo cuidadosamente conduzido, com total lisura e transparência, justamente porque envolve recursos públicos e uma pauta de extrema relevância para o futuro da cidade. A empresa vencedora tem ampla experiência e reconhecimento técnico, e agora traz essa expertise para fortalecer as políticas climáticas de Vitória”, destacou.
Ramalho aproveitou para fazer uma observação sobre a mudança perceptível do clima, lembrando que o tema deixou de ser teórico. “Estamos em outubro, e os capixabas estão tirando agasalhos do armário porque temos noites de 15 graus. Isso mostra que a mudança climática não é um conceito distante, é uma realidade. Precisamos estar preparados, e é isso que o prefeito vem conduzindo: uma gestão técnica, integrada e voltada ao futuro”, reforçou.
Responsabilidade climática
O cientista Carlos Nobre, mentor técnico do projeto e referência internacional na agenda ambiental, destacou que o trabalho desenvolvido em Vitória representa um avanço expressivo na governança climática urbana.
“Vitória dá um exemplo de responsabilidade climática ao elaborar, com base científica, um plano de adaptação robusto e realista. Esse tipo de política pública precisa ser sustentada em dados e em diagnósticos precisos, como o inventário de emissões e os estudos de vulnerabilidade”, afirmou.
Nobre também destacou que o projeto de Vitória reflete um modelo inovador de integração entre conhecimento técnico e gestão pública. “O que está sendo construído aqui é um modelo de governança integrado, que une gestão municipal, comunidade científica e organismos internacionais. Essa é a base para que as cidades brasileiras consigam se preparar de forma eficiente frente aos desafios climáticos do século XXI”, concluiu.
Desde 2021, a cidade tem executado um conjunto expressivo de obras e programas de sustentabilidade e adaptação. Entre os destaques estão o Programa Vix Flora, que investiu R$ 1.422.000,00 no plantio de mudas nativas da Mata Atlântica; a criação de novos parques urbanos, como o Parque de Jesus de Nazareth, a Reserva Vitória Costeira e a nova APA Ninho das Garças; e o contrato celebrado com o BID para o plantio de 207 mil mudas de árvores, com investimento de R$ 7.778.834,92.
A ampliação da cobertura vegetal e o Programa Vitória + Verde, que destinou mais de R$ 12 milhões do Fundo Municipal de Meio Ambiente às unidades de conservação, consolidam o compromisso da cidade com a sustentabilidade.
Além disso, o Programa Águas de Vitória segue como um dos maiores investimentos em macrodrenagem já realizados, com obras em Santo Antônio, Ilha de Santa Maria, Fradinhos, Cruzamento Monte Belo e Jucutuquara.
No total, a cidade já destinou mais de 42% dos R$ 2 bilhões de investimentos municipais a ações que têm rebatimento direto com a adaptação climática. Esse percentual inclui obras de contenção de encostas, regularização fundiária e requalificação urbana da orla por meio do Programa Vitória de Frente pro Mar, reforçando a preparação do território para os impactos das mudanças do clima.
Governança climática
O Comitê Gestor de Governança Climática, instituído pelo Decreto nº 25.644/2025, tem como missão articular diferentes áreas da administração municipal, acompanhando a execução de programas e planos relacionados ao clima. Também cabe ao comitê avaliar resultados, propor campanhas de mitigação e adaptação e articular ações intersetoriais para enfrentar os desafios ambientais da cidade.
Protagonismo
Presente à cerimônia, o promotor de Justiça Marcelo Lemos elogiou o protagonismo da capital capixaba na pauta climática e o compromisso da administração municipal com políticas públicas de longo prazo. “Nem todas as cidades têm condições de elaborar um plano como esse, que demanda investimento, conhecimento técnico e vontade política. Vitória está de parabéns por alcançar esse patamar, com um trabalho que protege vidas e fortalece a resiliência da população”, afirmou.
Marcelo lembrou que a cidade, reconhecida como a primeira cidade inteligente do Brasil, amplia agora seu protagonismo ambiental. “Vitória já vinha realizando várias ações isoladas. Agora, passa a ter uma estrutura organizada, com espaço de diálogo entre poder público, sociedade e iniciativa privada. Isso é gestão climática de verdade”, completou.
Ao final da solenidade, o prefeito Lorenzo Pazolini destacou que a pauta ambiental vai além da gestão pública: é um compromisso ético com a vida.
“A cidade precisa ser pensada para o cidadão, para quem gosta de gente, de conviver e de viver em um espaço seguro. Mesmo que alguém ainda não acredite na importância dessa pauta — e respeito isso –, nós estamos cuidando das nossas vidas e das gerações futuras”, disse. “Basta olhar o que estamos vivendo hoje. Em outubro, estamos com 15 graus à noite em Vitória. A linha está posta: é hora de agir com base em ciência, dados e decisões assertivas. Assim construiremos uma cidade ainda mais justa, organizada e sustentável”, concluiu.
Com esse novo passo, a capital reafirma seu compromisso com uma gestão pública moderna, responsável e científica, consolidando-se como referência nacional em governança climática e planejamento urbano sustentável.
A parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com a empresa I Care Estratégia Ambiental Ltda. representa mais do que um contrato: é o início de uma nova fase – em que o presente e o futuro caminham juntos para garantir vida, equilíbrio e prosperidade para quem escolheu viver em Vitória.