A fábrica, que já foi uma das mais lucrativas da Marcopolo, deixa o RJ. Motivo seria a pandemia, mas será que se houvesse um governo interessado isso aconteceria?
Péssima notícia para a economia do Rio de Janeiro, a partir de 30/10, a Marcopolo, maior fabricante de ônibus do país, fechará as portas de sua unidade em Xerém. A fábrica, localizada na antiga Fábrica Nacional de Motores, criada nos anos 40 por Getúlio Vargas, irá transferir suas linhas para São Mateus (ES) e em Ana Rech (RS.
No ano passado, a Marcopolo concluiu um processo para ampliar a produção, um investimento de R$ 14 milhões, que permitiu o início da fabricação de ônibus urbanos e escolares, justamente os que não serão mais produzidos em Duque de Caxias.
A fábrica, que chegou a produzir 25 veículos por dias, em 2014, e chegou perto de se tornar a maior fábrica de ônibus urbanos do mundo”. Houve tempo em que o lucro de Xerém bancava os prejuízos dados pelas fábricas da Marcopolo na Rússia e em Portugal.
Localizada em ponto estratégico, ao pé da Serra de Petrópolis, com fácil acesso a Rio, Minas Gerais e São Paulo. Além disso, está a apenas 170km da fábrica da VW Caminhões e Ônibus, principal fornecedora de chassis. Ela chegou a ser a principal unidade de fabricação de carrocerias de ônibus urbanos da Marcopolo. Nos oito primeiros meses de 2020, produziu 2.201 ônibus, do total de 5.875 unidades fabricadas pela empresa no Brasil.
A planta do Rio de Janeiro é da década de 1950, quando foi fundada a Ciferal, encarroçadora de ônibus brasileira que foi comprada pela Marcopolo no final da década 1990. A área tem 111 mil metros quadrados, sendo que o parque fabril possui 75 mil metros quadrados de área construída. Para se ter uma ideia do quanto a unidade que será fechada representa na fabricação da companhia, dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus) mostram que 40% do que foi fabricado no mês de agosto deste ano pela Marcopolo saíram da planta carioca.
A razão dada pela empresa para o fechamento foi a queda de vendas devido a pandemia do Coronavírus. No primeiro semestre, o lucro líquido da Marcopolo desabou 89,8%, para R$ 12 milhões, em razão do tombo nas vendas. Entre abril e junho, a produção do grupo no Brasil caiu 45,7%, frente ao mesmo período de 2019.
Desde a última crise, a companhia vem estudando a otimização das fábricas. Em 2016, um levantamento já mostrava que a empresa tinha mais capacidade fabril do que precisava. Desde então, foi fechada a unidade Planalto da Marcopolo em Caxias.
Atualmente, a unidade de Duque de Caxias tinha cerca de mil funcionários, mas este quadro já chegou a ter o dobro de tamanho. Os profissionais estão sendo transferidos para a unidade de São Mateus. Na informação repassada aos investidores, a Marcopolo confirma que a concentração das operações brasileiras em um número menor de fábricas vem contribuindo para a redução de custos e incremento da eficiência. A empresa informa ainda que as melhorias operacionais alcançadas nos últimos anos permitirão que as plantas remanescentes tenham capacidade suficiente para absorverem a recuperação de volumes à medida que os mercados se regularizarem, em um cenário pós-pandemia.
Pergunta-se, tão bem localizada, é óbvio que não é apenas a pandemia que fechou a fábrica. Se houvesse um governo operante na época, talvez tal desastre pudesse ter sido evitado. Infelizmente, passamos por um tsunami político, e continuamos sofrendo as consequências.