Em meio à destruição deixada pelo furacão Melissa no leste de Cuba, o governo dos Estados Unidos reafirmou seu compromisso de ajudar o povo cubano. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que divulgou um comunicado oficial ressaltando a prontidão americana em oferecer assistência humanitária imediata, tanto por meio de agências governamentais quanto de parceiros locais. A declaração informa que foi emitida uma Declaração de Assistência Humanitária para Cuba, assim como ocorre em outras nações do Caribe afetadas por desastres naturais. A medida reforça a postura histórica de Washington em situações de emergência humanitária na região.
Mesmo com décadas de tensões políticas, os EUA já haviam prestado apoio direto e indireto a Cuba em momentos críticos, como após o furacão Michelle (2001) e durante a pandemia de COVID-19, quando organizações privadas americanas enviaram alimentos e suprimentos médicos à ilha. No comunicado, Rubio destacou que a legislação americana permite doações privadas de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais, incentivando cidadãos e empresas dos EUA a contribuírem com o esforço humanitário. Ele afirmou que, embora ainda não tenha havido um pedido oficial de assistência federal por parte de Cuba, os Estados Unidos estão prontos para agir.
“O povo cubano continua demonstrando coragem diante das adversidades. Estamos prontos para ajudá-los a superar mais esse desafio”, declarou o secretário. A presença de Marco Rubio no comando da diplomacia americana dá um tom simbólico ao gesto. Filho de imigrantes cubanos e figura de destaque na comunidade cubano-americana da Flórida, Rubio é conhecido por sua posição firme contra o regime comunista de Havana e por sua defesa dos direitos humanos na ilha. Seu envolvimento reforça a mensagem de solidariedade com o povo cubano — e não com o governo.
Rubio também enfatizou que a assistência será entregue diretamente à população, evitando intermediações do regime, o que reforça o caráter humanitário e apolítico da ação. “Nosso compromisso é com as pessoas, não com os tiranos”, afirmou o secretário, em referência ao histórico de repressão do governo cubano.
O Departamento de Estado disponibilizou um canal direto para dúvidas e ofertas de ajuda: [email protected]. A expectativa é de que as primeiras remessas de alimentos, água potável e suprimentos médicos cheguem à ilha nas próximas horas. Com essa iniciativa, Washington busca demonstrar que, acima das diferenças ideológicas, a solidariedade humanitária permanece como um valor central da diplomacia americana.
Na última terça-feira (28), Tiphaine Auzière, filha mais nova de Brigitte Macron, denunciou que o cyberbullying que sua mãe sofreu e pelo qual dez pessoas estão sendo julgadas em Paris causou nela “uma deterioração no estado de saúde, assim como no ambiente familiar e privado”.
– Não desejo a ninguém nesta vida o que ela [Brigitte Macron] está sofrendo – disse a enteada do presidente da França, Emmanuel Macron.
Ela deu declarações na segunda e última sessão do julgamento sobre o cyberbullying contra a primeira-dama da França, sobre a qual foram espalhados boatos de que ela havia nascido homem.
Tiphaine, de 41 anos, fez as declarações após prestar depoimento, a pedido de um dos advogados da mãe, para realçar o “prejuízo” psicológico e físico que Brigitte sofreu.
Em meio a uma grande expectativa da imprensa e do público, que levou à mudança da sala inicial da audiência para uma com maior capacidade, a filha mais nova da primeira-dama francesa afirmou que sua mãe “sofre constantemente” às consequências dos boatos que a acusam de ter nascido homem com o nome de Jean-Michel Trogneux, que na verdade é irmão da própria Brigitte.
Tiphaine, filha do primeiro casamento da atual primeira-dama com André-Louis Auzière, citou o que sofrem os netos de Brigitte Macron, que “na escola primária ou secundária ouvem que a avó é um homem”.
– Minha mãe desenvolveu ansiedade em relação aos netos por tudo o que eles ouvem sobre a avó. Ela não consegue se abstrair de todos os horrores que falam sobre ela, nem por um segundo – acrescentou.
A filha de Brigitte, que é advogada de profissão, lamentou que sua mãe tenha “a obrigação de ter o máximo cuidado com postura e gestos, porque sua imagem pode ser manipulada a serviço da mentira”.
Os dez acusados, de perfis variados, estão sendo julgados por inúmeras declarações maliciosas e calúnias sobre o “gênero” e a “sexualidade” de Brigitte e podem ser condenados a até dois anos de prisão se forem considerados culpados.
Eles também são criticados por terem tentado dar um tom de pedofilia ao início do relacionamento entre Brigitte e Emmanuel Macron devido à diferença de idade entre os dois (24 anos), já que se conheceram quando ela era professora dele no ensino médio.
O caso de cyberbullying contra a primeira-dama francesa ultrapassou as fronteiras do país desde que também foi divulgado em 2024 por Candace Owens, uma influenciadora afro-americana próxima ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que espalhou os rumores surgidos na França para seus vários milhões de seguidores.
Os Macron iniciaram nos EUA um processo paralelo contra Owens, a quem denunciaram por “difamação”.
Resultado das eleições legislativas e avanço do partido governista no Congresso foram avassaladores – muito além do que o presidente imaginava há menos de duas semanas
Nem mesmo o próprio governo de Javier Milei imaginou tamanha comemoração na noite de domingo (26).
A vitória nas eleições legislativas em quase todas as províncias argentinas, incluindo a crucial província de Buenos Aires, e o avanço de seu partido, LLA (La Libertad Avanza), no Congresso foram avassaladores – muito além do que o presidente argentino imaginava há menos de duas semanas, quando visitou Donald Trump, seu maior aliado ideológico e econômico, na Casa Branca.
Naquele dia, o governo argentino teve que controlar os danos depois que o presidente Trump disse: “Se Milei não vencer, não seremos tão generosos”. A ajuda prometida pelo governo Trump — um swap de US$ 20 bilhões, linhas de crédito e intervenção no mercado de câmbio — dependia da vitória nas eleições.
Mas quais eleições?
Muitos, incluindo o próprio Trump, apontaram para as eleições legislativas de meio de mandato, mas Milei e seus assessores insistiram que se tratava das eleições presidenciais de 2027.
Por quê? Porque nem mesmo o governo argentino acreditava que essas eleições seriam positivas, depois que seu partido perdeu as eleições locais na província de Buenos Aires por 14 pontos em 7 de setembro, distrito que reúne um terço dos votos do país, para os peronistas.
A essa derrota e à turbulência econômica que a levou, o partido governista somou um escândalo que levou seu principal candidato a deputado a renunciar devido a supostas ligações com um narcotraficante posteriormente extraditado para os Estados Unidos, e a volatilidade do peso, títulos e ações, inquietando os investidores.
Até poucos dias atrás, poucos imaginavam que Milei obteria 40,75% dos votos, em comparação com 31,64% da coalizão peronista Fuerza Patria na Câmara dos Deputados.
1. Por que Milei venceu?
“O governo foi às eleições com a língua de fora, mas venceu por medo de uma debandada e por falta de alternativas”, diz Carlos Fara, analista e presidente da Associação de Consultores Políticos.
O medo da debandada não era o medo de perder a ajuda dos EUA, como Trump havia condicionado. O medo do descontrole era outro, e tem precedentes em algumas segundas-feiras pós-eleitorais recentes na Argentina.
No primeiro turno das eleições presidenciais de 2023 e nas primárias presidenciais abertas e obrigatórias de 2019, venceram candidatos do partido peronista, próximo à ex-presidente Cristina Kirchner. Nos dias seguintes, os temores do mercado levaram à forte desvalorização do peso, e os argentinos viram suas rendas se deteriorarem em poucas horas. O medo não era apenas da desvalorização do peso, mas também do governo peronista.
Nessas eleições, esse temor foi ouvido, especialmente após a vitória confortável do peronismo na província de Buenos Aires em setembro passado. Afinal, a alternativa mais poderosa ao partido de Milei hoje é o peronismo, liderado pelo governador Axel Kicillof e por Kirchner, atualmente em prisão domiciliar após condenação definitiva.
É por isso que Milei e sua comitiva decidiram, nas últimas semanas, transformar a campanha em uma batalha bipolar de “eles ou nós”.
E os argentinos foram atraídos por essa polarização: 72,4% dos eleitores inclinaram-se para Milei ou para o peronismo, pelo menos nas eleições para o Congresso. A única alternativa ao governo libertário hoje é o peronismo, mas para muitos argentinos, um retorno a governos que deixaram um rastro de estagnação e corrupção não é uma opção.
2. Quanto Trump contribuiu para a vitória de Milei?
“O próprio Trump não acrescenta nem subtrai votos. Mas o que o presidente americano fez foi dar um impulso a Milei que permitiu a ele enfrentar a realidade e chegar às eleições. Se ela não recebesse o resgate, não chegaria às eleições porque teria que desvalorizar a moeda”, diz Federico Zapata, analista político e diretor da consultoria Escenarios.
Em qualquer país, uma desvalorização da moeda local é uma decisão traumática, mas nunca tanto quanto na Argentina. A desvalorização repentina ou gradual, porém consistente, do peso é, para os argentinos, um sinal claro de inflação. Décadas e décadas de alta de preços deixaram marcas de profundo estresse econômico e pobreza.
Milei foi eleito presidente em 2023 com a promessa de derrotar a inflação para sempre; os argentinos acreditaram nele, mesmo sem muita experiência prática como economista.
O presidente cumpriu parcialmente: de 25% em dezembro de 2023, quando Milei assumiu o cargo, a inflação agora gira em torno de 2% ao mês. Mas essa conquista começou a ser ameaçada nos últimos meses, quando o risco de uma forte desvalorização pairou sobre o peso, dada a desconfiança dos mercados na capacidade do governo de manter o equilíbrio macroeconômico em meio a uma desaceleração.
Para sustentar o peso, o governo Milei recorreu às suas reservas em dólares, que vinham diminuindo de forma irremediável e perigosa nos últimos três meses.
Presidente dos EUA, Donald Trump, recebe líder argentino Javier Milei na Casa Branca • Reprodução/Reuters
Até que Trump e seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, tomaram medidas para salvar as reservas argentinas, o peso e o Milei.
A primeira intervenção dos EUA — o anúncio de um swap de US$ 20 bilhões — mal serviu para conter a desvalorização do peso ou reduzir o risco-país. Dias depois, o Tesouro dos EUA começou a comprar pesos diretamente para sustentar seu valor. Essa medida foi de fato útil, mas não tanto.
Quando Washington anunciou seu resgate no final de setembro, um dólar valia 1.360 pesos; hoje, vale 1.515 pesos, o que significa que a moeda argentina se desvalorizou em mais de 10%.
Se, mesmo com todo o poder de fogo financeiro dos Estados Unidos, as finanças da Argentina estiveram em agonia nas últimas semanas, o que teria acontecido sem a intervenção de Trump e Bessent no peso e na inflação, principal objetivo de Milei?
3. Será que Milei conseguirá enfrentar seu maior desafio até agora?
A economia e as finanças argentinas estão longe de serem salvas pelo resgate. Os danos a uma economia que não cria empregos no setor privado há 15 anos são profundos demais para serem curados em poucas semanas.
A atividade econômica se recuperou no ano passado, dando aos argentinos a esperança de uma era de alto crescimento e baixa inflação, um cenário que o país não vivenciava há décadas.
No entanto, o que no início do ano era uma previsão de crescimento sustentado não se concretiza mais. O indicador da atividade econômica argentina EMAE (Estimador de Atividade Econômica) de agosto, publicado na semana passada, foi de 2,4% na comparação anual; por si só, indica crescimento, mas, em retrospecto, sinaliza uma desaceleração: é o menor valor até agora neste ano.
A classe média argentina — a base eleitoral — resume essa dificuldade econômica com uma frase dolorosa e cada vez mais comum: “Não chego ao fim do mês”.
Nas últimas semanas, Milei pediu aos argentinos que votassem nele para aprovar reformas de livre mercado e relançar a economia argentina de uma vez por todas. Nestas eleições, ele garantiu esses votos
Será que ele conseguirá então alcançar a governabilidade que lhe escapou e de que precisa para aprovar essas reformas?
O partido governista conquistou muito mais cadeiras no Congresso e no Senado do que esperava e do que imaginava que receberia.
Com as cadeiras conquistadas, passará de 37 para 80, de um total de 257. Trata-se de um avanço notável, que coloca Milei perto de garantir seu poder de veto; para isso, precisa negociar apenas mais seis votos com seus aliados.
No entanto, mesmo com o apoio de seus parceiros políticos, não conseguirá atingir o quórum necessário para obter maioria simples (129). Em outras palavras, precisará negociar com seus rivais para aprovar reformas. E isso não será fácil, principalmente para o próprio Milei.
Propenso a explosões verbais e insultos contra aliados e inimigos, Milei não foi muito eficaz em forjar ou manter acordos durante seus dois primeiros anos no cargo. Essa falta de sucesso ficou particularmente evidente no Congresso, onde seu próprio bloco libertário sofre fraturas periódicas e onde até mesmo seus aliados políticos mais próximos votaram contra seus vetos a leis cruciais.
“Além da vitória, Milei terá que redefinir completamente sua metodologia de governo. Mas essa é uma questão que tem a ver com sua personalidade. Essa personalidade é compatível com um aparato político projetado para gerar acordos?”, diz Zapata, referindo-se aos “frequentes autoenganos” do presidente.
Em seu discurso de vitória, como se estivesse ciente dos danos causados por sua “autodestruição”, Milei abandonou os ataques e disse que “uma grande Argentina é para todos”, incluindo aqueles que não votaram nele.
Milei já havia se disfarçado de consenso, mas não funcionou. Será que este Milei vitorioso conseguirá superar o desafio de sua própria personalidade para garantir sua governabilidade? Ainda é cedo para dizer.