Por Paulo Roberto Borges
Para nós do Jornal do Norte, a questão envolvendo a Prefeitura de São Mateus com o antigo complexo sócio-esportivo do Greca remonta há mais de 15 anos, quando o jornal, ainda impresso, fez uma matéria de página inteira sobre aquela área abandonada, sendo depredada por vândalos e pelas intempéries climáticas. Toda a área pertence a empresa Suzano
Vale destacar que a hoje Suzano, empresa proprietária da área, tentou negociar o Complexo do Greco com a Prefeitura de São Mateus, em forma de comodato. Depois, pelo fato do ex-prefeito Daniel Santana (PDT) não dar nenhuma resposta ou interesse em negociar, achando que a empresa simplesmente poderia dar a área para a municipalidade, desdenhou de qualquer possibilidade de um entendimento “civilizado” em benefício da população mateense, principalmente para os moradores dos bairros periféricos do entorno. Em uma das reportagens do JN, foi feito um comparativo com o Amélia Boroto com um similar no bairro Novo Horizonte, uma vez que os pais e seus filhos evitariam de correrem risco ao atravessar a rodovia BR-101, que divide o perímetro urbano da cidade, sem falar em despesas com passagens para se deslocarem até o Centro Esportivo Amélia Boroto, localizado no bairro Nova Carapina.

Nessa via crucis Prefeitura-Suzano, surgiram notícias que uma igreja estava interessada em comprar a área, assim como o governo estadual. Teve até político garantindo que essa compra iria se consumar. Nada aconteceu e o Complexo do Greca ficou relegado ao abandono.
Mas, acenderam duas luzes no final do túnel. A primeira logo se apagou e a segunda apagou tempos depois. O prefeito Daniel Santana, na ocasião disse que ia desapropriar toda a área, incluindo os prédios da antiga Aracruz, onde hoje está o Senai e anos atrás à Câmara Municipal. A coisa não foi adiante porque a empresa Suzano ia questionar o que a municipalidade supostamente ia colocar preço na valiosa área. Mas, essa primeira luz se apagou e a situação continuou sem solução.
Ano passado uma nova luz se acendeu. A segunda. O JN publicou uma matéria exclusiva que duas empresas se interessaram em adquirir a área do complexo sócio esportivo do Greca. A intenção seria a construção de equipamentos comerciais e de lazer. Fomos o único veículo de imprensa que veiculou essa informação. Mais uma vez a luz do fim do túnel se apagou e a “Questão Greca” foi esquecida. Não se falou mais nisso e o que se deduziu era que São Mateus perdera a oportunidade de adquirir a área.
Tentou-se retomar a questão. O ex-presidente da Câmara Municipal, Paulo Fundão, entrou no circuito e promoveu ações no sentido de entabular conversações com a empresa, com os governos e até apresentou um arrojado projeto de construção de um novo complexo sócio-cultural-esportivo. Separou até os recursos, em torno de R$ 2 milhões. Não se concretizou. Havia a preocupação dos recursos serem repassados para a Prefeitura e o prefeito da época, Daniel Santana, não concretizar a aquisição da área.
Nesse emaranhado de idas e vindas, falou-se até em transformar, além de um centro esportivo e de lazer, numa escola cívico-militar ou mesmo toda a área passar para administração da Polícia Militar. Mais uma chuva de verão.
Agora, sob a administração do prefeito Marcus Batista (Podemos), o assunto veio à baila, foi colocada sobre o tabuleiro e o martelo foi batido. Veio a sentença tão aguardada pela sociedade mateense: a Prefeitura desapropriou a área e pagou o valor correspondente. O Complexo Sócio Esportivo do Greca, localizado no bairro Novo Horizonte é de São Mateus. Já tem até nome pomposo, Centro Olímpico de São Mateus. A Prefeitura “oficializou a desapropriação da área que agora passa a ser, de fato, patrimônio do município. O Decreto Municipal nº 18.222/2025, publicado em 17 de outubro, declara o terreno como de utilidade pública, destinando-o à construção de um Complexo Esportivo Municipal, com vistas à criação do futuro Centro Olímpico de São Mateus. O imóvel está localizado na região conhecida como Três Morros ou Fonseca, no distrito sede, medindo 41.364,63 m², e foi avaliado em R$ 1.172.000,00 pela Comissão de Avaliação de Imóveis. O investimento é custeado pela dotação orçamentária da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Juventude, que ficará responsável pela legalização documental e pelos próximos trâmites de implantação”.
Uma fonte ouvida pela reportagem disse que a área já estava vendida para uma empresa, que seria a Alcon – uma usina alcooleira – em setembro do mês passado. A assessoria de imprensa da Suzano informou que a empresa estranhou a desapropriação de uma área que ela já havia vendido.
Mas, fato é que a Prefeitura desapropriou a área do antigo Greca. A luz no final do túnel clareou uma situação escurecida por tanto tempo e que foi motivo de várias reportagens que fiz para o Jornal do Norte e agora ilumina a esperança de que São Mateus terá uma área master para que crianças, jovens, adultos, idosos, em que todos possam viver momentos de boa prosa, de lazer e de atividades esportivas e culturais.
A novela chega ao fim. E com louvor. O antigo Greca é de São Mateus!