Os casos de intoxicação por metanol relacionados à ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas seguem crescendo no Brasil. Até o momento, foram registradas 59 notificações, das quais 11 foram confirmadas após exames em laboratório, segundo o Ministério da Saúde.
Entre as mortes, uma foi confirmada em São Paulo, e outras sete estão em investigação: duas em Pernambuco, nos municípios de João Alfredo e Lajedo; três na capital paulista; e duas em São Bernardo do Campo.
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas de intoxicação por metanol podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da bebida. No entanto, em alguns casos, os sinais de alerta podem surgir ainda mais cedo, a depender da quantidade de metanol ingerida.
“A toxicidade do metanol pode se apresentar, aproximadamente, de seis até 12 horas após a ingestão, a depender, claramente, da quantidade ingerida do álcool”, afirma Felipe Liger, médico emergencista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz à CNN.
“Segundo a literatura médica, doses letais de metanol variam de 30 até 200 mL [mililitros] de ingestão. Se nós imaginarmos que o metanol vai estar como parte adulterada de bebidas alcoólicas, não é uma dose alta para o consumo habitual de um indivíduo”, alerta.
Os sintomas de intoxicação por metanol se assemelham aos sinais de uma ressaca comum, incluindo:
- Dor abdominal;
- Confusão mental;
- Náusea;
- Visão turva e, em alguns casos, cegueira.
O médico emergencista recomenda buscar o pronto-atendimento assim que os primeiros sintomas surgirem.
“Quanto mais precoce o diagnóstico for estabelecido e o tratamento inicial for realizado com todo o suporte clínico e, eventualmente, uso de antídotos, melhor será o prognóstico”, afirma Liger. “É importante lembrar que a intoxicação por metanol é uma situação com alto risco de morte e dano permanente.”
A orientação do Ministério da Saúde é que, ao chegar à unidade de saúde, a pessoa com sintomas informe que consumiu bebida alcoólica e em qual contexto. O ideal é que o paciente relate, por exemplo, se esteve em uma festa antes de procurar atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), que tipo de bebida ingeriu, se havia rótulos nas embalagens e qual foi o horário da ingestão.
O tratamento da intoxicação por metanol pode ser feito com o uso de corretores de acidez, como bicarbonato, o tratamento com vitaminas, como ácido fólico, e o uso de antídotos, como o etanol venoso, que inibe a enzima álcool desidrogenase para prevenir a formação de seus metabólitos. Seu uso está restrito aos centros de referência em intoxicação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Outro antídoto usado para o tratamento da intoxicação por metanol é o fomepizol, porém a substância não tem registro no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já consultou formalmente as autoridades sobre a autorização para comercializar o produto. Entre elas estão agências dos Estados Unidos, Argentina, União Europeia, México, Canadá, Japão, Reino Unido, China, Suíça e Austrália.
Em casos graves, a hemodiálise pode ser feita para eliminar o metanol do organismo do paciente.